O presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, disse hoje aos sócios, em assembleia-geral, que é necessário "reestruturar a dívida do clube", que ronda os seis milhões de euros.

"O plano de recuperação, quando foi aprovado, à partida, foi logo incumprido, houve uma projeção financeira errada do plano e o Clube Desportivo Santa Clara tem de outra vez apresentar em tribunal um Processo Especial de Revitalização (PER) para reestruturar a dívida com o fisco e com o Santander para ter viabilidade económica", disse Rui Cordeiro.

Segundo o também presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do Santa Clara, o clube não está a conseguir cumprir o plano de insolvência porque "está a dever" ao fisco, ao banco e aos fornecedores.

"O que está por regularizar" é uma dívida ao fisco de 1,2 milhões de euros, a que se junta uma dívida ao Santander de mais 1,2 milhões, uma dívida do clube à SAD "que vai ter de ser reestruturada" e outra aos fornecedores que também "vai ter de ser reestruturada", num passivo "que poderá rondar os seis milhões de euros", sublinhou.

Rui Cordeiro disse aos jornalistas que Mário Batista, antigo presidente do clube e da SAD, "foi entregar as ações do clube na SAD à penhora no serviço de finanças de Ponta Delgada", valendo-se da condição de administrador único da Sociedade Anónima Desportiva do Santa Clara.

"Neste momento, as ações do clube na SAD estão penhoradas e também tivemos a informação de que houve uma tentativa de venda dessas ações a um investidor de origem turca (...). Estamos a falar da venda de 30% das ações porque o clube terá de manter sempre 10% das ações na SAD", disse.

O presidente do clube açoriano vai por isso "apresentar um processo de reestruturação da dívida financeira [do Santa Clara] em tribunal com efeito suspensivo das ações executivas", nomeadamente a apresentada nas finanças, e renegociar até ao final do ano "a adesão ao PER", o que "passará por um pagamento imediato de 94 mil euros até 20 de dezembro de 2016".

Antevendo um "futuro difícil" para a formação açoriana, Rui Cordeiro sublinhou que a solução passa por o "Santa Clara ter de subir de divisão nos próximos três anos" e pela "entrada de um investidor no capital social da SAD".

"O Santa Clara tem de encontrar um parceiro estratégico, alguém que reforce financeiramente, mantendo o centro de decisão na região, mas tem de encontrar um investidor para rapidamente injetar liquidez", disse.

Os sócios aprovaram ainda, por maioria, as contas da época 2014/2015, com um resultado positivo de 261 mil euros devido à venda "a favor do credor hipotecário Banif" de um ginásio e apartamentos que pertenciam ao clube, por 866 mil euros.

Ficaram também aprovadas, por maioria, as contas de 2015/2016, com um resultado negativo de 93 mil euros. Os cerca de trinta sócios presentes na quarta-feira à noite na sede do clube aprovaram ainda o plano de atividades para a época 2016/2017, que tem como objetivo "endividamento zero".