Os associados do Penafiel manifestaram na segunda-feira, em Assembleia-geral extraordinária, recetividade para a constituição de uma sociedade anónima desportiva (SAD) no clube da II Liga de futebol, atualmente transformado numa sociedade unipessoal por quotas (SDUQ).

A abertura dos associados a esta possibilidade resultou de um pedido da direção para auscultação dos sócios e discussão do tema em assembleia-geral, tendo sido determinantes as explicações avançadas pelo presidente, António Gaspar Dias.

"É muito difícil ou quase impossível ao Penafiel gerir uma receita anual acima de 1,2 milhões de euros e desse montante sobram cerca de 650 mil euros brutos para o futebol profissional", começou por dizer António Gaspar Dias, preocupado com a escalada de investimento verificado nos clubes, sobretudo naqueles que se transformaram em SAD.

O dirigente dos rubro-negros lembrou que "a realidade era outra em 2013", quando quase todos os clubes se constituíram como SDUQ, mas o investimento dos clubes-SAD, em maioria, tirou competitividade ao Penafiel, que hoje se apresenta como um dos ?emblemas' com mais baixo orçamento dos campeonatos profissionais.

"Em quatro ou cinco anos, o Penafiel deixar de ser o clube pequeno/médio dos campeonatos profissionais e correr o risco de descer por falta de investimento", sublinhou Gaspar Dias.

A favor do Penafiel neste processo, continuou o presidente, pesa "o passivo zero" e o estatuto de "clube cumpridor", na certeza de que "nenhuma decisão será tomada pelo negócio em si".

"Conseguimos bem sobreviver com o que temos, mas, também, nunca negociarei o Penafiel só pelo negócio e sem conhecer bem o investidor", precisou.

Às naturais dúvidas dos associados, muitas delas partilhadas pela mesa, o presidente da AG, Alberto Simões, contrapôs um argumento pelo sim, em nome da modernidade, mas, também, na certeza de que nenhuma decisão será também sem a deliberação dos associados.

"Os tempos mudaram e não podemos ficar apeados na estação, porque este comboio pode não passar duas vezes", argumentou Alberto Simões, momentos antes de os cerca de 20 associados presentes na sala de imprensa do Estádio se terem manifestado favoravelmente à formação de uma SAD.

Durante a mesma demorada reunião magna de sócios, a primeira das quais ordinária, foram aprovados por unanimidade os novos estatutos e um resultado líquido positivo de 78.742 euros, relativos ao exercício fiscal da temporada 2015/16.