Natural de Coimbra, tudo começou «muito cedo», quando acompanhava o seu pai nas idas ao estádio da Académica.

«Não tendo nenhum rapaz, ele levava-me a ver os jogos e a paixão apareceu. Depois, comecei a jogar na rua, com os meus primos, e ficou», recordou Mónica Jorge à Agência Lusa.

Foi federada em atletismo e halterofilismo, e nesta última modalidade sagrou-se mesmo campeã nacional de juvenis (1995) e de juniores (1996 e 1997). Mesmo assim, não conseguiu esquecer o desporto-rei e licenciou-se em Desporto de Alto Rendimento, na variante de futebol.

«Fui estagiar na Federação Portuguesa de Futebol e fiquei. Aos 29 anos, convidaram-me para ser seleccionadora feminina e aceitei. Quanto mais cedo se começa, por muitos tropeções que possamos dar, vamos sempre melhorando, trabalhando e até agora tem sido muito positivo», considerou.

Quando era mais nova, a sua mãe «sempre torceu o nariz» à ideia de a sua filha se tornar treinadora.

«Nunca fui muito bem apoiada, mas é normal que as mães não vejam o futuro das suas filhas como treinadora ou professora de educação física», contou.

Mónica Jorge seguiu em frente, mas assume que, na altura, nem lhe passava pela cabeça alguma vez alcançar o cargo de seleccionadora feminina.

«Há sete anos, se alguém me dissesse que eu iria ser seleccionadora, eu diria a essa pessoa que estava maluca», brincou.

Durante os jogos, a treinadora de 32 anos diz que não consegue estar calada e, por vezes, irrita-se bastante, mas sempre com «uma agressividade moderada».

«Sou uma treinadora à portuguesa, as coisas saem-me do coração. Tenho paixão pelo jogo e pelo treino», confessou.

Para já, não pensa um dia dar o salto para o futebol masculino, mas acredita que, «mais tarde ou mais cedo», irá aparecer uma mulher numa equipa técnica de alta competição.

«É difícil, mas um dia será possível uma mulher assumir essa responsabilidade. Em Portugal, será um pouco mais difícil, porque culturalmente o futebol ainda é visto como um desporto masculino», disse.

Na qualificação para o Mundial2011, que vai decorrer em Junho na Alemanha, Portugal somou pela primeira vez 12 pontos, mas mesmo assim acabou por falhar o acesso para a Finlândia e Itália.

Agora, Mónica Jorge procura alcançar o melhor resultado de sempre na Algarve Cup/Mundialito e acredita no apuramento para o Euro2013.