O médio Geraldo estará totalmente disponível a representar a seleção nacional sempre que for convocado, independentemente do facto de ter sido chamado e dispensado ao longo dos dois últimos anos. Esta é a convicção do proprietário da escola Norberto de Castro, onde o médio foi formado.

Em conferência de imprensa, realizada na sala de reuniões do complexo escolar e desportivo com o mesmo nome, localizado em Viana, Luanda, disse que o atleta embarcou na manhã desta segunda-feira para o Brasil para apresentar-se ao seu clube Paraná, e que ao longo dos dias manteve várias conversas em que o futebolista se mostrou triste, mas sempre disposto a defender as cores do país.

O responsável convocou os jornalistas para abordar a situação do antigo jogador do Curitiba, da primeira divisão brasileira, bem como a situação das competições em que a sua escola está envolvida. Acrescentou que Geraldo gostaria muito de ver esclarecidos publicamente os motivos pelos quais é convocado para não figurar entre os eleitos.

Para Norberto de Castro, o médio criativo de 21 anos pode estar a pagar pelo facto de ter sido formado na sua instituição que não agrada a muita gente, apesar das atividades sociais que desenvolve como patrocinar estudos e ensinar futebol a jovens deslocados de várias províncias.

«Só posso pensar assim. Como é que um jogador que se torna fundamental para uma equipa subir de escalão e no ano seguinte voltar a ser preponderante para a conquista do título, num país com o futebol tão competitivo como o Brasil, estar a ser pura e simplesmente ignorado em Angola?», interrogou-se. 

Norberto de Castro, cuja escola já colocou no mercado nacional vários jovens como Baby e Paizo (1º de Agosto), DasFaa, Paulucho (Sagrada Esperança) e Jairzinho (Progresso do Sambizanga), lamenta a situação e diz que a atuação do jogador no Curitiba foi prejudicada pelas deslocações ao país, já que perdia a titularidade sempre que o fizesse.

«A última vez que Geraldo foi convocado e dispensado pelo técnico Lito Vidigal, o jogador perdeu a titularidade e no meio disto contraiu uma lesão que veio a ser determinante no seu empréstimo em Junho último ao Paraná, da segunda divisão brasileira», frisou.

Desde que jogou pela seleção nacional a 13 de Maio de 2010, no amistoso entre Angola-México (0-1), sob comando do francês Hervé Rénard, o jogador tem atravessado um deserto, tendo sido sucessivamente convocado e dispensado no consulado de Manuel José, na preparação para o CAN2010, e de Lito Vidigal, nas qualificativas para o CAN deste ano no Gabão e Guiné Equatorial.

Romeu Filemon, enquanto técnico interino convocou-o mas na altura o médio deslocou-se ao país para apresentar justificativo médico da sua lesão e mais recentemente o uruguaio Gustavo Ferrin voltou a chamá-lo e já recuperado foi o primeiro jogador que milita na diáspora a apresentar-se, e depois de ter sido experimentado inclusive naquele que podia ser o 11 para o jogo de domingo contra o Zimbabwe (2-0) no estádio 11 de Novembro, nem sequer ficou entre os 18.

A jogar naquele país sul-americano, onde passou já pelo Andraws do escalão inferior, antes do Curitiba, Geraldo é conhecido pela energia e dribles em velocidade. Fez parte das conquistas do tricampeonato estadual na época 2011/2012 e da Série B em 2010, tendo, coincidentemente, marcado os golos da vitória nas duas ocasiões.