Os cerca de três dezenas de jornalistas que se posicionaram domingo, 14, na sala de imprensa do Estádio Ahidjo Ahmadou, em Yaoundé, e que queriam ouvir palavras de Lúcio Antunes, em inglês ou em francês, ficaram a “ver navios”.

Mal entrou na sala de imprensa, no final do jogo Camarões – Cabo Verde (2-1), Lúcio Antunes foi abordado pelos jornalistas sobre a língua que iria utilizar. «Hoje é o dia da língua portuguesa», lançou o selecionador de Cabo Verde, perante uma plateia de jornalistas que não «precisavam do português para coisa alguma».

Lúcio Antunes começou por fazer a sua leitura do jogo, em português, claro: «Naturalmente estamos contentes porque realizamos um bom jogo a equipa esteve bem, marcamos o golo na primeira parte e a partir daí a equipa jogou tranquila e foi uma questão de gerir o resultado até ao apito final».

Os jornalistas insistem e o selecionador com toda a paciência do mundo explicou-lhes que domina o inglês e o português, não fosse ele controlador de tráfego aéreo de profissão, mas que domingo era dia da língua portuguesa. «Meus senhores, boa tarde», lançou o selecionador no exato momento em que se levantou e abandonou a sala.

O que se seguiu, então, foi uma espécie de conferência de imprensa para a comunicação social cabo-verdiana, mas agora à porta do balneário dos Tubarões Azuis.

«Jogadores perceberam que chegou o momento de uma qualificação para a CAN, colocaram na cabeça de que não poderiam perder esta oportunidade depois de uma vitória categórica no Estádio da Várzea, perceberam o que a equipa técnica quis, perceberam a ambição da FCF, do Governo e do povo cabo-verdiano e sentimos que era possível conseguir a qualificação», sintetizou Lúcio Antunes.

Ademais, acrescentou, a equipa esteve «serena e tranquila», mas também «lúcida nos processos defensivos e atacantes», pelo que a qualificação foi conseguida «com mérito, essencialmente dos jogadores».

A três meses do arranque da CAN’2013 da África do Sul, o selecionador não tem dúvidas de que Cabo Verde pode fazer boa figura. «Jogamos sempre para ganhar e, digo mais, os nossos jogadores, pela sua qualidade e capacidade, podem ganhar em qualquer país de África a qualquer adversário. Nossa ambição é ganhar, ganhar», concluiu Lúcio Antunes.