Numa entrevista ao semanário Expresso, o seleccionador que conduziu Portugal ao Campeonato do Mundo da África do Sul assumiu que “Amândio de Carvalho decidiu pôr a sua cara na cabeça do polvo” e revelou que ”antes do jogo decisivo da qualificação (com a Bósnia, na Luz)”, foi chamado pelo vice presidente e este lhe terá dito que não tinha “confiança” no seu trabalho.

“Disse que eu não era o treinador dele, que não tinha confiança em mim para dirigir a selecção”, revelou Queiroz, nessa entrevista publicada a 20 de Agosto.

Amândio de Carvalho, presidente da mesa da Assembleia Municipal do Montijo, eleito pelas listas do Partido Socialista, dedicou a totalidade da sua vida ao dirigismo desportivo e, com apenas 11 anos, fundou o “O Palmeiras” Clube Montijense de Desportos, tendo ocupado nesta agremiação todos os lugares de direcção.

Chefe da delegação portuguesa no campeonato do Mundo do México 1986, Amândio de Carvalho está intimamente ligado ao polémico “Caso Saltillo”.

Na presidência de Silva Resende, Amândio de Carvalho ocupava já o cargo de “vice”, mas não terá conseguido fazer valer a sua autoridade no México 1986, com os resultados sobejamente conhecidos e popularizados pelo chamado “caso Saltillo”.

Ex-praticante de ténis de mesa, basquetebol e futebol e com o curso de treinador tirado em 1958 no antigo Instituto Nacional de Educação Física (INEF), Amândio de Carvalho foi técnico gracioso das camadas jovens do CD Montigo (sócio fundador e dirigente) e da equipa sénior do Alcochetense.

Em 1970, o responsável pela selecção portuguesa no Europeu de França, em 1984, foi vice-presidente da Associação de Futebol de Setúbal de 1970 a 1983, isto numa primeira passagem.

Em 83, segue para a vice-presidência da FPF e, entre outras missões, torna-se responsável pelo gabinete de formação de treinadores até 1987.

Dois anos depois, Amândio de Carvalho regressa à Associação de Setúbal e, em 1991 chega a presidente do organismo, ocupando o cargo até 1998, ano que assiste ao seu retorno à FPF, desta vez como vice-presidente administrativo.

Representante da FPF nas Assembleias Gerais das sociedades Euro2004 e Portugal2004, o dirigente foi também um dos responsáveis pela organização do campeonato da Europa de sub-17, em Vila Real e Viseu, no ano de 2003.

Presente nos Europeus de 2004 e 2008 e ainda nos Mundiais de 2006 e 2010, Amândio de Carvalho foi igualmente professor na Escola Industrial e Comercial do Montijo e dedicou grande parte da sua actividade laboral na Firestone Portugal.

Na ausência de Carlos Queiroz, será sempre o substituto do presidente Gilberto Madaíl na liderança da comitiva portuguesa que joga na sexta e na terça feira, dia 07, com o Chipre, em Guimarães, e em Oslo, com a Noruega, respectivamente, os dois primeiros jogos de qualificação para o Campeonato da Europa de 2012.