Laurentino Dias refutou esta quinta-feira a ideia de que a ADoP seja “justiça governamental”, considerando que esta é uma "tentativa de desviar as atenções" e que a entidade antidopagem é “uma autoridade pública como a PSP ou a GNR” e que foi “obstruída no exercício das suas funções de fiscalização”. E mostrou-se indignado quando questionado sobre se toda esta situação teria sido conduzida desta forma se Portugal tivesse sido campeão do Mundo.

“Isso não é pergunta que se faça. Ninguém na Administração Pública tem o direito de esconder, esquecer ou meter debaixo da mesa uma participação desta natureza. Se os depoimentos dos médicos da Federação contrariassem a ADoP, a minha decisão teria sido outra”, explicou Laurentino Dias, que sublinhou estar “de acordo” com todo o processo.

“Concordo e ajusta-se nos autos. Houve perturbação do controlo antidoping. Não há melhor sinal de transparência, objectividade e responsabilidade para com a Selecção, a Federação e os portugueses do que dar este processo. Tomem lá”, disse o Secretário de Estado, que entregou a todos os órgãos de comunicação social uma cópia do processo Carlos Queiroz.

Laurentino Dias fez questão de esclarecer, também, que o processo já decorria muito antes de ter sido tornado público, a 23 de Julho, começando “quando os médicos do ADoP fizeram a participação”, mas foi necessário esperar pelos médicos da Federação (ouvidos a 2de Julho, já que a Selecção chegou no dia anterior)

O membro do Governo esclareceu ainda que muitas perguntas que lhe foram feitas pela opinião pública foram levadas junto da autoridade antidopagem, até para seu “próprio esclarecimento”. A mais proeminente prendia-se com a hora do controlo, 8h00, que despoletou toda esta situação.

“Uma das perguntas que mais me faziam, no cafés, na rua, era “Porquê às 8h00?”. O ADoP simplesmente respondeu: Porque é prática entre a FPF e a ADoP haver um controlo antes da partida para provas internacionais. “Mas por que não às 10h000 ou às 11h00? Porque é sempre às 8h00 e sempre no hotel. Foi assim antes do Euro2004, no Hotel Amazónia, em 2008, no Hotel Belmonte, em 2006 no Hotel Amazónia, sempre às 8h00”, explicou Laurentino Dias.

“O processo chegou ao fim no que toca às autoridades portuguesas”, mas, lembrou o governante, “o Tribunal Arbitral do Desporto, com sede em Lausanne, pode alterar” a decisão do ADoP. Carlos Queiroz já fez saber que vai recorrer para o órgão máximo da justiça desportiva.

Carlos Queiroz foi suspenso por seis meses das suas funções de treinador, tanto em Portugal como no estrangeiro, pela ADoP (Autoridade Antidopagem de Portugal) em consequência do avocação do processo julgado pelo Conselho Disciplinar da FPF, que alega ter havido obstrução, por parte do seleccionador, ao controlo antidoping nacional efectuado a 16 de Maio de 2010, na Covilhã.