“Na altura nem imaginava que era possível chegar a levantar o troféu. Ainda hoje é inacreditável, porque todos continuam a associar-me à imagem do campeão do Mundo que levantou a taça. É algo que não consigo descrever e estou a falar-lhe com emoção”, afirmou Tozé à agência Lusa.

A 03 de Março de 1989, depois da vitória na final com a Nigéria por 2-0, com golos de Abel e Jorge Couto, o médio natural de Matosinhos recebeu a Taça Coca-Cola das mãos do Rei Fahd, da Arábia Saudita, perante uma multidão praticamente indiferente.

“Não tínhamos o calor dos portugueses, eram só alguns simpatizantes e a nossa comitiva, incluindo o tradutor, que também festejou. A sensação da chegada a Lisboa foi tão boa como a da entrega da taça, mas, para mim, foi diferente”, garantiu Tozé.

Para os jogadores, o triunfo teve um sabor especial devido ao facto de Portugal ter deixado pelo caminho o Brasil, “que era o vencedor antecipado”.

“Na noite do dia da final, até estavam baralhados e falavam connosco em inglês. Mas estavam tristes, porque esperavam mesmo ganhar o torneio”, referiu o antigo “capitão”, que ainda guarda a braçadeira e uma bola da competição, ambas assinadas por todos.

Dos 18 campeões de Riade, “só três ou quatro conseguiram destacar-se e chegar ao patamar máximo nos clubes e na selecção”, recordou Tozé, que lamenta a falta de oportunidades então dadas aos jovens portugueses e reconhece que “a quantidade e a qualidade actual dos empresários é determinante no sucesso”.

“Falando por mim, é uma espinha que tenho atravessada na garganta porque acho que podia ter chegado mais longe. Mas nunca estive em nenhum clube em que conseguisse perceber se podia chegar a um patamar mais elevado. Se fosse hoje, acho que 90 por cento dos jogadores tinha conseguido uma carreira totalmente diferente”, disse.

O ex-médio, que abandonou os relvados aos 32 anos, depois de vestir 37 vezes a camisola das “quinas” nas selecções jovens, começou e terminou a carreira no Leixões, com passagens por Tirsense, Leça, Alverca e Maia.

Finalista da licenciatura em Educação Física e Desporto do Instituto Superior da Maia, Tozé deixa a pergunta: “Com as condições de treino e com a qualidade que os jogadores portugueses têm, porque é que não há resultados como há 20 anos atrás, quando ainda vivíamos num tempo arcaico?”.