Joaquim Evangelista falava hoje à noite num debate em Castro Daire sobre o “Passado, Presente e Futuro” do futebol português, que foi dominado pela polémica da não adequação dos estatutos da FPF ao novo Regime Jurídico das Federações Desportivas.

Durante o debate, Joaquim Evangelista contou já ter dito pessoalmente a Gilberto Madaíl que se deveria demitir.

«Face à incapacidade a que o futebol português chegou, deve haver consequências», justificou depois aos jornalistas, acrescentando que primeiro deveria demitir-se Gilberto Madaíl e depois também o presidente do Conselho de Justiça, que «tem uma responsabilidade acrescida, na medida em que deve zelar pela legalidade», e o presidente do Conselho de Disciplina.

Na sua opinião, este «acto de coragem» iria provocar «uma reacção no mundo desportivo» e ter consequências.

«Não podemos continuar impávidos e serenos a assistir à degradação do futebol português. Ninguém faz nada, ninguém assume as suas responsabilidades. Era desejável alguém dar um murro na mesa», afirmou, acrescentando que Gilberto Madaíl «devia ter essa coragem e permitir que se discutisse, efectivamente, depois, no ato eleitoral, o futuro do futebol português».

Para Joaquim Evangelista, é «óbvio» que Madaíl «esteve durante muitos anos refém do poder associativo, porque foi o poder associativo que o elegeu» e que «por isso é que ele se colocou do lado da legalidade desta vez», porque querer um próximo mandato.

«Alguns dirigentes do futebol português têm o protagonismo que têm porque o doutor Madaíl lhes permitiu tê-lo», criticou, dizendo não aceitar que «qualquer associação ou qualquer personagem ache que é proprietário do futebol português».

O dirigente sindical considerou ainda que o futebol português está «a caminhar num sentido perigoso, que é o de voltar a ficar novamente refém da política», lembrando «a proveniência dos potenciais presidentes para a federação, [que] vêm todos da política».

Durante o debate, Joaquim Evangelista envolveu-se numa dura troca de palavras com o presidente da Associação de Futebol de Braga, Carlos Coutada, que votou contra a aprovação dos estatutos da FPF, afirmando que este dirigente «representa o passado».

«Não podemos aceitar que as associações impeçam a progressão do futebol português. O futebol português não pode ficar refém de um pequeno-almoço», frisou.

Joaquim Evangelista perguntou a Carlos Coutada por que mudou de opinião sobre o assunto - se foi por ter tido “a bênção papal” -, ao que este respondeu que a tomada de posição da associação aconteceu depois de ouvidos os sócios.

Também o presidente do Conselho de Arbitragem da Liga de Clubes, Vítor Pereira, fez votos para que «os estatutos da Federação sejam aprovados e fiquem em conformidade com o regime jurídico das federações», considerando que «o futebol nacional já está a ser prejudicado» com o impasse.