O ex-seleccionador nacional de futebol Carlos Queiroz disse hoje que foi vítima de uma “vendetta” pessoal com o intuito de o «destruírem» e de o «oferecerem numa bandeja aos senhores Sócrates [primeiro-ministro] e Silva Pereira [ministro da Presidência]».

«No jantar de véspera da partida da selecção para a África do Sul, Sócrates elogiou os jogadores luso-brasileiros, esqueceu os portugueses e fez uma referência à grande saudade que todos tínhamos obrigação de sentir pelo senhor [Luiz Felipe] Scolari», contou Carlos Queiroz à agência Lusa.

O antigo seleccionador, quarta-feira ilibado pelo Tribunal Arbitral do Desporto da acusação de perturbar um controlo antidoping, lembrou que essa declaração do primeiro-ministro, em vésperas da partida para o Campeonato do Mundo, «foi alvo de vários comentários à mesa».

Carlos Queiroz deu conta, ainda, de que «alguém com responsabilidades» junto da imprensa «teve logo o cuidado de espalhar esses comentários» feitos à mesa «pelas fontes oficiais próximas do Governo».

Questionado sobre se a «vendetta pessoal» de que se diz vítima foi determinada por razões políticas, limitou-se a um curto comentário:

«Olhe, houve alguém envolvido neste processo que me disse que eu tinha a obrigação de saber que todos os incompetentes são vingativos.»

Contacto pela Agência Lusa, o gabinete do primeiro-ministro informou que não serão feitos comentários sobre esta matéria.

O TAS ilibou quarta-feira Carlos Queiroz das acusações de perturbação de um controlo realizado pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), no estágio para o Mundial da África do Sul.

O técnico, que chega hoje ao Aeroporto de Lisboa pelas 11h30, tinha sido castigado com seis meses de suspensão pela ADoP, uma autoridade pública sob a tutela do Instituto do Desporto de Portugal e da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto.

Na justiça civil corre ainda outro processo, instaurado pelo antigo seleccionador, por difamação e falsificação de documentos no âmbito do processo desportivo.