O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, disse hoje que vai propor na reunião de terça-feira a criação de um «governo transitório» na Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

«Achava boa ideia haver um ‘governo de transição’ que representasse todas as sensibilidades. O doutor [Gilberto] Madail poderia continuar [como presidente da FPF], mas sempre com os demais representantes», referiu Evangelista, em declarações à agência Lusa.

O dirigente sindical considera que assim se «reforçavam as medidas que fossem tomadas neste período de transição no futebol português», porque «as decisões importantes que têm de ser tomadas não têm o mesmo poder quando tomadas por uma direção cessante, como é o caso».

«As decisões têm de ser reforçadas e legitimadas. Nós vamos propor isso», afiançou, garantindo que «há sócios da FPF que vêem esta solução com bons olhos».

A Direcção da FPF convocou uma reunião para terça-feira com a Comissão Delegada das associações regionais e distritais e os restantes sócios ordinários para, «em conjunto, poder ser estabelecido um consenso sobre os pontos em análise dos Estatutos e também o Regulamento Eleitoral».

«Mesmo aprovando os estatutos, a marcação de eleições vai demorar entre seis meses e um ano», advertiu Evangelista, admitindo que «este governo transitório permitiria uma gestão benéfica para todos até às eleições».

Aludindo à situação política do país, o dirigente sindical refere que «não está só em causa a aprovação dos estatutos, mas a governabilidade do futebol português».

«Neste momento temos um presidente que cessou o mandato, temos uma federação sem estatutos e, por esse motivo, não pode realizar eleições. E, como há um conjunto de associações que não se revêem nos estatutos, acho que era preferível atribuir-lhes também responsabilidades», frisou.

Evangelista diz defender uma «medida em defesa do futebol, que não deixa ninguém de fora», com o objectivo de «ganhar a confiança dos agentes do futebol nacional» e superar o problema de uma «federação fragilizada com todo este processo».

«Esta proposta pode ser aceite ou não, mas neste momento não há consensos. Está toda a gente à espera de um novo Governo, que ninguém sabe qual é, e até que se chegue a um quadro de normalidade o futebol vai também sofrer com isso», salientou.

Questionado sobre se considerava que o presidente da FPF estaria fragilizado, Evangelista respondeu: «Um presidente que não consegue ultrapassar este impasse que dura há dois anos está fragilizado e acaba por fragilizar o futebol português».

Apesar de avançar com esta proposta, o presidente do SJPF salvaguarda que não pretende «condicionar à partida a reunião».