O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, anunciou na segunda-feira, durante uma reunião com as federações desportivas, que os contrato-programa vão sofrer um corte médio de 12,9 por cento do total do orçamentado no ano passado para as federações, que foi de 31 milhões de euros.

«Há duas coisas que a canoagem vai fazer, primeiro, adaptar-se à realidade nacional, já que, acima de tudo, somos realistas e, em segundo lugar, ir para dentro de água e fazer tudo e melhor do que no ano passado e batermo-nos por resultados», disse à agência Lusa Mário Santos, presidente da Federação Portuguesa de Canoagem.

No entanto, o responsável é crítico na forma como se vão fazer os cortes, considerando tratar-se de um «cálculo aritmético, sem critério de valoração», o que considera de «uma injustiça».

«Vão tratar de igual forma a canoagem, que tem tido resultados e mérito. Não quero dizer que a canoagem estivesse na expectativa de receber mais ou menos, mas a modalidade já demonstrou que a nível desportivo tem potencial», frisou o responsável, que vai ser o chefe da missão olímpica nos Jogos de Londres2012.

Mário Santos lembrou que a modalidade traz para o país «centenas e centenas de atletas para estagiar», gerando receitas que «rondam o milhão de euros em estadias», e recordou também que Portugal tem «os melhores fabricantes de canoas e que exporta para todo o Mundo».

Também Carlos Andrade, membro da direcção da Federação Portuguesa de Judo e único candidato à presidência do organismo, considerou as medidas como «uma péssima notícia», já que o apoio do Estado para a modalidade já era «muito apertado», dado o grau de «responsabilidade e sucesso» que a modalidade representa para o país.

O responsável avançou ainda que, com os cortes, a federação de judo terá de «redimensionar» alguns dos objectivos e propostas, mas salientou que, em época de crise, «há que agarrar ao máximo as coisas positivas para tirar partido».

«Foi o que aconteceu com o judo, parece que em tempos de crise estamos todos unidos e, por isso, só apareceu uma lista candidata às eleições. Estamos todos a trabalhar para o mesmo fim», contou.

José Luís Ferreira, presidente da Federação de Triatlo de Portugal, frisou à Lusa que se perdeu a oportunidade de apoiar as federações com base numa avaliação concreta ao trabalho realizado.

«Perdeu-se, mais uma vez, a oportunidade para apoiar as federações com base numa avaliação concreta ao trabalho que estas realizam e aos resultados apresentados na alta competição. E ao crescimento registado, mediante os parâmetros claramente definidos», explicou.

Para o responsável, o «mérito» continua a não ser premiado, considerando que «não há estímulo», uma vez que se recorre ao valor do ano anterior e actua-se perante esse número.

«É certo que não foi um corte cego, pois houve o cuidado de retirar mais a quem mais recebe», afirmou José Luís Ferreira, avançando que o corte estimado em 87 mil euros, «com óbvia repercussão na actividade, obriga a um plano de contingência».