O treinador da seleção de sub-20, Ilídio Vale, admitiu que podia haver outro caminho na política desportiva dos clubes portugueses, porque os futebolistas lusos têm qualidade, como mostraram no Mundial da categoria.

Em entrevista à Agência Lusa, Ilídio Vale, que comandou a equipa das “quinas” à final do Mundial da Colômbia, disse que «não é frustrante» ver as equipas portugueses com mais estrangeiros que portugueses.

«Seria frustrante se essas equipas não tivessem jogadores de qualidade, mas qualquer uma das grandes equipas portuguesas tem jogadores de grande qualidade. É uma questão de política desportiva, que respeito e que não me compete contestar, mas acredito que podia haver outro caminho», referiu.

Para Ilídio Vale, «se os jogadores portugueses demonstraram que são capazes de competir ao mais alto nível é porque têm qualidade», pelo que têm de ter «espaço e oportunidade» para expressarem essa qualidade.

«Nós fizemos o nosso trabalho, que foi mostrar ao mundo, mas também aos portugueses, que o jogador jovem português tem qualidade. É importante que os clubes, porque fazem um bom trabalho, acreditem nessa qualidade», afirmou.

No Mundial de sub-20, Portugal, segundo o treinador, cumpriu alguns objetivos determinantes no futebol: «Ganhar, promover os jogadores e promover o futebol».

«Qualquer talento, só o pode ser se tiver possibilidade de se expressar ao mais alto nível. A seleção portuguesa de sub-20 proporcionou aos jogadores mostrarem-se ao Mundo, expressarem todo o seu talento ao mais alto nível. Provaram que têm talento, provavelmente tanto como os mais talentosos», afirmou.

Sobre o futuro da formação em Portugal, Ilídio Vale disse acreditar que Portugal pode «marcar presença sempre nestes grandes momentos» e que os portugueses têm de acreditar mais no que é seu.

«Devemos deixar de ter a filosofia do coitadinho, em que o que vem de fora é bom e o nacional é fraco. Esse não é o caminho. Mesmo reconhecendo que os outros podem estar mais fortes, temos de ver que também temos virtudes. Temos de apostar no que fazemos bem e tentar reduzir ao máximo o que fazemos menos bem», concluiu.