Rui Jorge é o técnico à frente dos sub-21. Em entrevista à Agência Lusa, falou do apuramento para o Euro2013 da categoria, da quantidade de estrangeiros no futebol português e da herança pesada de Madaíl, quando se avizinham mudanças na Federação.

Aceitou o convite para treinar a formação porque «é gratificante» e esta a ser uma «excelente experiência», decorrido que está um ano. Aos 38 anos, assume que o grande objetivo é o apuramento para o Euro2013, mas que trocava de bom grado para conseguir meter «dois ou três jogadores» na equipa de Paulo Bento. «Esse é o grande objetivo de toda a formação. Conseguir ter jogadores que alimentam a seleção AA. Acredito que os jogadores estarão mais próximos de representar a seleção AA se provarem qualidade nos escalões inferiores e isso também tem a ver com os resultados que se conseguem», disse.

«Obviamente que acredito no apuramento. Nesta altura não lutamos contra um adversário, lutamos por pontos. Apura-se diretamente o primeiro classificado. Por isso, estamos numa luta direta com todos os outros elementos dos outros grupos. Mas isso não altera a forma como abordamos os jogos, tentamos vencer todos os jogos. Não temos os pontos que deveríamos ter, mas também não temos os pontos que mereceríamos ter», lembrou.

As fontes para alimentar os escalões de formação das Seleções parecem estar à míngua, com o número cada vez maior de jogadores estrangeiros no futebol luso. Uma situação que não agrada ao técnico.

«Quando entrámos, há cerca de um ano, fizemos um levantamento dos jogadores juniores dos 'três grandes', que alimentam as seleções jovens, e havia 24 estrangeiros. Este é um número bastante elevado. Se o fazem é porque acham que em termos de clube é melhor, mas em termos de seleção não é com certeza», afirmou Rui Jorge.

Rui Jorge considera que «há muito potencial em Portugal», mas que só será rentabilizado se «se derem condições para evoluírem». «Muitos desses jogadores estão a procurar o exterior para terem a sua possibilidade. Mas isso é uma questão que tem de se feita aos próprios. Se essa opção está relacionada com questões financeiras ou com perspetivas de carreira», frisou, lembrando os casos de Pelé (AC Milan), Rui Fonte (Espanhol de Barcelona), Saná (Valladolid) ou Pedro Mendes (Real Madrid B).

A pouco mais de duas semanas das eleições na Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Rui Jorge acredita que quem vai suceder a Gilberto Madaíl, que não se recandidata, tem uma herança, ainda que muito boa, bastante pesada.

«Toda a gente deixa a sua marca e a do presidente Gilberto Madail é a quantidade de fases finais consecutivas que estamos a conseguir atingir. Quando se apresenta estes números, é uma herança que não é fácil de ser igualada», afirmou.