Os futebolistas Roderick Miranda, Nuno Reis e Caetano apelam a uma maior aposta nos jogadores oriundos dos escalões de formação, frisando que os valores existentes já provaram ter qualidade, ao terem atingido a final Campeonato do Mundo de Sub-20.

Quando a equipa das "quinas" iniciou a campanha para o Mundial de sub-20 eram poucos os que pensariam que pudesse chegar à final da prova. Quase de um dia para o outro, na mente dos portugueses surgiu a lembrança da "geração de ouro" que conquistou a prova, em 1991, no Estádio da Luz em Lisboa.

A final de Bogotá foi há seis meses e a derrota com o Brasil, por 3-2, não foi de forma nenhuma esquecida. Os jovens lusos ganharam experiência e, alguns deles, estão a assumir preponderância nas equipas onde jogam atualmente.

Nuno Reis: «Fiquei com mais maturidade»

O "sportinguista" Nuno Reis manteve a continuidade, por empréstimo, nos belgas do Cercle de Brugge, onde é titular indiscutível, embora agora se encontre a recuperar de uma lesão, que espera debelar dentro de pouco tempo. Ainda assim, reconhece que o Mundial permitiu-lhe ganhar mais experiência, «por jogar contra os melhores, como Brasil, Argentina e França».

«Fiquei com mais maturidade. Tenho jogado sempre no Cercle de Brugge, agora estou lesionado, mas antes disso jogava os 90 minutos. Neste momento estou concentrado no campeonato belga, se o meu regresso ao Sporting acontecer será sempre bem-vindo», sustentou.

Roderick Miranda: «Isso deveria despertar os clubes da Liga»

Também com os olhos no clube de origem, o Benfica, o central Roderick Miranda está a «dar cartas» nos suíços do Servette, treinado por João Carlos Pereira, onde é titular indiscutível. O mundial, confessa, foi uma boa alavanca, mas insuficiente para ser aposta em Portugal.

«Isso deveria despertar os clubes da Liga. Em vez de irem gastar dinheiro com atletas estrangeiros, se olharem para o próprio país verão que há muitos jogadores portugueses bons. Seria bom apostar um pouco mais na formação, vale a pena. Todos merecem uma oportunidade, sem ela, nenhum jogador se pode afirmar nos plantéis», admitiu.

A criação de equipas B é para estes jogadores uma oportunidade para que jovens valores despontem e ganhem espaço nos clubes a que pertencem.

«Há muitos jogadores que por isto ou por aquilo não podem ficar no clube e, se ficarem um ou dois anos na equipa B, podem vir a ter uma oportunidade, além de poderem também participar nos treinos ou serem chamados a qualquer altura. Isso pode ser bastante positivo, até porque se pode ganhar ritmo na passagem de júnior para sénior», concluiu Roderick.

Caetano: «Quem esteve no mundial perdeu a pré-época»

Situação diferente vive o "baixinho" Caetano, um dos elementos regulares do Paços de Ferreira, treinado por Henrique Calisto. O "loirinho" admite que o êxito da Colômbia foi um passo importante na carreira pela «visibilidade» que ganhou, contudo frisa que «quem esteve no mundial perdeu a pré-época», o que acabou por prejudicar o arranque desta temporada.

«Quando chegámos o lugar estava ocupado, porque as equipas estavam em andamento. Mas a presença no Mundial foi positiva, somos jovens e temos ainda muito tempo para nos afirmarmos. No futebol, o que interessa é o presente. Se não dermos continuidade ao trabalho, se não fizermos algo para conquistar mais coisas, acaba por ser uma derrota em relação a tudo o que foi feito anteriormente», disse Caetano.