O antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Gilberto Madaíl, reagiu hoje à morte de Amândio de Carvalho considerando que desapareceu “um homem bom”, “injustiçado” e “a quem o futebol português muito deve”.

“Era um homem bom em todos os aspetos. Na sua dedicação ao futebol durante anos, anos e anos, nas mais variadas funções, e na sua lealdade para comigo na qualidade de vice-presidente [da FPF]”, disse à agência Lusa Gilberto Madaíl.

Madaíl recorda o amigo com quem trabalhou muitos anos na direção da FPF como “um homem compreensivo”, que “procurava sempre as soluções que não levassem a conflitos” e que “ficará para sempre ligado ao futebol português”.

“Faleceu um homem a quem o futebol português muito deve e que foi no passado e até ao presente muito injustiçado relativamente ao reconhecimento que se devia ter do seu trabalho em prol do futebol português”, referiu Madaíl.

O antigo presidente disse ainda que ficou abalado pelo desaparecimento de Amândio de Carvalho, que sabia tinha problemas, mas que sempre os conseguiu ultrapassar, e criticou os atuais dirigentes da FPF pelo seu alegado esquecimento.

“Ainda hoje o presidente [Fernando Gomes] veio emitir umas lágrimas que eu não quero classificar”, adiantou Gilberto Madaíl, considerando que o trabalho de Amândio de Carvalho não foi devidamente reconhecido pela atual direção da FPF.

Gilberto Madaíl recordou os vários anos em que Amândio de Carvalho esteve ligado ao futebol jovem e mais tarde, em substituição do também falecido Carlos Silva, com a seleção principal nas várias provas em que participou.

“Foi um homem que deu sempre a cara e procurou sempre defender os interesses da federação”, disse Gilberto Madaíl, destacando o seu papel, enquanto vice-presidente, no relacionamento com os sócios da federação, nomeadamente com as várias associações.

O antigo presidente recordou o grande trabalho diário que Amândio de Carvalho desenvolvia na FPF.

“E não era como hoje. Que há diretores muito bem pagos. Ele não era um diretor pago. Tinha apenas umas ajudas de custo. E ele fez sempre isso com amor e paixão pelo futebol”, finalizou Gilberto Madaíl, recordando ainda a sua passagem pela Associação de Futebol de Setúbal onde “marcou uma época e uma posição no futebol”.

O antigo vice da FPF, entre 1983 e 1986 e entre 1988 e 2011, nas direções de Silva Resende e Gilberto Madaíl, respetivamente, morreu hoje, aos 79 anos, vítima de doença prolongada.

Além dos cargos federativos, Amândio de Carvalho foi ainda dirigente da associação de Setúbal e presidente da Assembleia Municipal do Montijo, tendo sido, em 06 de setembro de 2011, agraciado com o Grau de Comendador da Ordem de D. Henrique pelo então Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

A cerimónia fúnebre de Amândio de Carvalho está marcada para sábado, às 16:00, no crematório do Cemitério da Quinta do Conde, em Sesimbra, ficando o seu corpo em câmara ardente a partir de hoje, às 18:30, na capela do Cemitério de São Sebastião, no Montijo.