O selecionador português de futebol respondeu, esta quinta-feira, às críticas do presidente do FC Porto sobre o jogo Portugal-Gabão, dizendo que não admite ingerências de qualquer dirigente nas suas escolhas.
«Não me meto no trabalho dos dirigentes e, por isso, não admito ingerências no meu trabalho nem dos meus próprios dirigentes, quanto mais de um presidente que não trabalha comigo», frisou Paulo Bento à entrada para a Gala da Confederação do Desporto de Portugal.
Pinto da Costa criticou, em entrevista ao Porto Canal, as condições em que se desenrolou a partida e acusou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) de só estar interessada em dinheiro.
«É lamentável pegar nos jogadores dos clubes, que não recebem qualquer benefício, e levá-los para onde muito bem lhes apetece, para um clima totalmente diferente, de forma a jogarem sob uma humidade terrível e num campo sem condições nenhumas», disse o presidente portista.
Paulo Bento assumiu que respeita o trajeto de Pinto da Costa, mas garantiu que «jamais» um presidente vai interferir nas suas escolhas, depois de o dirigente portista ter criticada a gestão do tempo de utilização de alguns jogadores, considerando excessivos os 72 minutos que João Moutinho esteve em campo.
«Houve jogadores com a mesma importância [de João Moutinho] que jogaram, um 90 minutos [James Rodriguez], outro 80 [Jackson Martínez], um pouco mais longe, com uma diferença horária maior», apontou, referindo-se ao particular disputado pela Colômbia com o Brasil, esta quarta-feira, em Nova Jérsia.
O selecionador recordou que, a 29 de janeiro de 2012, o médio portista jogou apenas 45 minutos para chegar «em boas condições» ao clássico com o Benfica, «um jogo que podia resolver o campeonato».
«Nessa altura, o James jogou os 90 minutos [pela Colômbia], chegou no mesmo dia, foi suplente e resolveu o jogo. Ou alguém tem algo contra a FPF e terá de resolver esse problema ou gostará mais da federação colombiana», sentenciou.
Quanto aos possíveis interesses económicos da FPF no jogo que acabou em empate entre Portugal e Gabão (2-2), Paulo Bento pediu ao presidente do FC Porto para os explicar.
«A seleção, desde que entrei até ao dia em que saia daqui, vai ser um cargo desportivo e não um cargo político», assegurou, alegando que Portugal, muitas vezes, serve para atacar por se jogar muito.
Paulo Bento defendeu ainda que «há coisas difíceis de prever», dando como exemplos as lesões de Nani, João Pereira, Cristiano Ronaldo e Miguel Veloso.