O treinador António Violante lembra «com alegria» a seleção que se transcendeu para vencer, em 17 de maio de 2003, o Europeu de sub-17 de futebol, a última conquista internacional de Portugal.

«Recordo com alegria, como é evidente. Já lá vão muitos anos, mas lembro-me bem que foi um momento importante para nós todos que fazíamos parte daquela equipa, principalmente para os jogadores. Foi uma vitória bem conseguida, a equipa uniu-se muito. Era uma equipa que, à partida, não reunia muitas expectativas«, recordou o agora timoneiro da seleção feminina.

Em declarações à agência Lusa, António Violante, que levou a seleção de sub-17 ao último triunfo internacional luso, recordou a importância do percurso na fase final, disputada em “casa”, para alcançar a superação no jogo decisivo.

«O que é verdade é que no Campeonato da Europa a equipa começou bem, começou com uma vitória [3-2 à Dinamarca]. A equipa conseguiu transcender-se na final com a Espanha [2-1]. Eu tenho na ideia que a Espanha era uma equipa mais forte, mas conseguimos vencê-la nesse dia», frisou.

Para Violante, naquela seleção, «havia jogadores que poderiam representar a seleção A e felizmente isso aconteceu».

«Sobretudo, uma grande maioria deles ficou a jogar no futebol profissional, o que é bom, porque não acontece isso com todas as gerações ou com todos os anos de nascimento. Foi uma boa colheita. Por exemplo, o Miguel [Veloso], o Vieirinha, o Paulo Machado», referiu.

Sobre a falta de títulos de Portugal, Violante disse acreditar no trabalho dos «colegas que estão a trabalhar na formação da federação, são pessoas competentes», considerando que, «às vezes, é preciso uma pontinha de sorte, pode num momento qualquer surgir um título».

«Espero que ele surja o mais rapidamente possível. Sei das dificuldades que existem para se ganhar seja o que for, mas não é por deficiências de funcionamento que não temos conseguido isso. E não é coisa menor estar presente em fases finais de Campeonatos da Europa e inclusive o que aconteceu no último mundial de sub-20, em que, por um triz, não ganhámos. Vamos ter paciência. A década de 90, de facto, foi uma década difícil de ultrapassar, porque se obtiveram muitos títulos. Depois já no novo milénio, ganhámos em 2001 e 2003, tive o privilégio de ser quem estava a orientar essas equipas», afirmou.

O coordenador das seleções jovens portuguesas, Ilídio Vale, recordou que o alargamento da UEFA, sobretudo após a entrada das seleções da antiga União Soviética, e a alteração dos modelos competitivos – as fases finais passaram de 16 para oito equipas – aumentaram «a dificuldade para a qualificação para as fases finais dos campeonatos da Europa».

«Não nos podemos esquecer que somos um país pequeno, com uma capacidade de captação reduzida, além de outros fatores que têm contribuído para aumentar essa dificuldade, como seja o aumento do número de estrangeiros nas equipas portuguesas, o que realmente acaba por ser um fator que condiciona a amostra possível de seleção. Depois, não nos podemos desviar de uma coisa central: as dificuldades do futebol devem ser enquadradas nas dificuldades do país. As dificuldades não são do futebol, são do nosso país», afirmou.

Para Ilídio Vale, os desempenhos lusos nos últimos anos têm sido bastante positivos, mesmo sem títulos, alertando para o facto de no Europeu de sub-17 de 2013, que está a decorrer não estarem seleções como a Espanha, a Holanda ou a Alemanha, que, tal como Portugal, falharam o apuramento.

«Nos últimos 12 anos, Portugal tem um título de campeão sub-19, seis presenças em fases finais. Melhor desempenho só três países: Espanha, França e Alemanha. Em títulos, só mesmo a Espanha e a França. Nos sub-17, naquilo que são últimos oito anos, tem duas presenças nas fases finais. Só duas seleções têm mais títulos a partir daí: Espanha e Holanda», frisou.

Ilídio Vale foi o treinador que mais perto esteve de voltar a dar um título a Portugal, quando, em 2011, levou Portugal à final do Mundial de sub-20, que perdeu com o Brasil, por 3-2, após prolongamento.