A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) adotou uma plataforma tecnológica de ensino, que permite minimizar os efeitos da ausência dos jovens futebolistas da escola, ajudando-os a pensar desde cedo num "plano B" para o futuro.
O modelo de "e-learning", que consiste numa ferramenta informática, foi implementado pela FPF nos estágios de maior duração das seleções jovens, para que os atletas se mantenham atualizados sobre os conteúdos programáticos que são lecionados nas escolas que frequentam.
O projeto, que abrange os escalões desde os sub-15 até aos sub-18, consiste numa hora de estudo diária, toda ela supervisionada por Luís Couto, coordenador pedagógico da FPF, que se mantém em contacto com os diretores de turma e coordenadores pedagógicos dos clubes.
"Consiste numa ligação a uma plataforma de ensino à distância, que nos permite uma ligação permanente via internet. Antes de cada estágio contato os diretores de turma ou os coordenadores pedagógicos dos clubes, que comunicam os conteúdos de que os jogadores ficarão privados. Tento que, nesta hora de estudo, o trabalho seja centrado à volta desses conteúdos", afirmou Luís Couto, em declarações à Lusa.
O coordenador pedagógico da FPF, que recentemente esteve presente no estágio da seleção masculina de sub-17, de preparação para o Campeonato da Europa, referiu que "todos os jogadores/alunos têm noção de que o apoio é importante para eles e que contribui para minimizar os efeitos da ausência da escola".
"Estes jovens jogadores têm, cada vez mais, a preocupação com o seu futuro, que passa por uma carreira desportiva, mas têm igualmente a preocupação relativamente ao ‘plano B'. O percurso académico constitui para eles uma preocupação e, dessa forma, é fácil motivá-los para um apoio pedagógico", sublinhou, considerando que esta plataforma tem sido uma "excelente" ferramenta de ensino.
De acordo com Luís Couto, "há alunos melhores que outros, mas, de uma maneira geral, todos eles têm sucesso escolar garantido e transitam de ano", sendo que, no caso específico da seleção de sub-17, há já um grupo de jogadores que beneficiará de maiores facilidades no acesso à universidade.
"Nesta seleção, há pelo menos nove jogadores que, por via da participação no Campeonato da Europa de sub-17, ficam com direito a estarem inscritos no regime de praticantes desportivos de alto rendimento e, como tal, podem ter acesso à universidade com maior facilidade", explicou.
Por seu lado, os "alunos" mostram-se conscientes das vantagens deste projeto, que lhes permite "conciliar o futebol com a escola", segundo afirmou à Lusa o capitão dos sub-17, Rúben Neves.
"É uma oportunidade que a Federação nos dá, visto que estamos muito tempo ausentes da nossa época escolar. Temos tempo para tudo. Temos tempo para treinar, para descansar e não custa nada estarmos concentrados durante uma hora a estudar", disse o atleta do FC Porto.
Já Rúben Dias, central e vice-capitão da mesma seleção, sente que "é importante ter este apoio extra" para que os jogadores não se "desleixem" e mantenham presente a possibilidade "de uma saída, caso o futebol não dê certo".
"Temos noção que temos um tempo de ausência muito grande da escola. Tento estar concentrado na escola e estar preparado para qualquer tipo de saída, ter sempre outra opção, para o caso de não resultar no futebol", realçou o jogador do Benfica.