Fernando Santos foi o homem indigitado pela Federação Portuguesa de Futebol para comandar a seleção A de Portugal e promover a tão falada renovação. Depois de uma campanha desastrosa no Mundial2014 e um início ainda pior na campanha para o Euro2016, Paulo Bento foi afastado da Seleção das quinas, pelo que era preciso algo novo e fresco para colocar os lusos nos trilhos do sucesso.

Desde que que chegou, Fernando Santos tem sublinhado que qualquer português com talento e capacidade pode representar a seleção das quinas. "Não gosto da palavra renovação, pois parece que os velhos vão para o lixo e os novos vão tomar conta disto. Vamos estar muito atentos ao percurso da formação. Não serei juiz dos treinadores da formação, mas vamos ter que partilhar ideias. Tanto faz ter 17 anos ou 35. Se tiver valor, vem", disse o técnico a 24 de setembro de 2014, dia da sua apresentação como selecionador luso.

Das palavras aos atos. Fernando Santos mostrou ao que vinha e chamou Ricardo Quaresma, Danny, Ricardo Carvalho, Tiago e até Bosingwa, jogadores que não entravam nas contas de Paulo Bento e lançou 23 jogadores novos na Seleção A, muitos deles vindos dos sub-21. Desses 23, oito estiveram no Euro2016 onde Portugal sagrou-se, finalmente, campeão europeu.

Aproveitar o trabalho de Rui Jorge

Para esta renovação sustentada de Fernando Santos, muito contribuiu o trabalho que é feito nas camadas jovens das seleções de Portugal mas também dos clubes. Portugal tem marcado presença nos vários campeonatos europeus de sub-17, sub-19 e sub-20 e ainda nos mundiais de sub-20 e recentemente nos Jogos Olímpicos. Em todos estes torneios conseguiu grandes resultados. Foi campeão Europeu de sub-17 na temporada passada, chegou aos quartos-de-final dos Jogos Olímpicos de 2016, meias-finais do Euro de sub-19 e final do Euro2015 em sub-21, perdido nos penáltis para a Suécia. A seleção de sub-21 não perde um jogo oficial há exatamente cinco anos.

O trabalho desenvolvido por Rui Jorge tem sido muito bem aproveitado por Fernando Santos, que não teve problemas nenhuns em lançar vários jovens provenientes dos sub-21. Desde que assumiu o cargo de selecionador de Portugal, o homem que ficou conhecido pelos adeptos do FC Porto como o Engenheiro do Penta, tem vindo a promover a tão falada renovação no seio da Seleção. Dos 23 jogadores lançados por Fernando Santos, 11 saíram diretamente dos sub-21.

Laterais resolvidos. Faltam defesas centrais

Analisando posição por posição na Seleção de Portugal, apenas a zona central da defesa não sofreu com as alterações profundas desde que Fernando Santos chegou. A dupla Pepe-José Fonte vai dando garantias mas contam com 33 e 33 anos, respetivamente. Os outros que têm jogado nessa posição, Bruno Alves tem 34 e Ricardo Carvalho 38. É preciso alternativas nessa posição. O defesa central Rúben Semedo, do Sporting, deverá ser o próximo sub-21 a ser chamado para essa posição.

Nas laterais, João Cancelo, 22 anos, promete tornar-se num caso sério na direita. Titular nos últimos três jogos, o ex-jogador do Benfica tem tudo para chegar a elite. No Valência vai jogando ora a lateral, ora a ala e os espanhóis estão rendidos ao seu talento. Há Cédric, há Nelson Semedo, mas há Ricardo Pereira que já esteve nos sub-21 e há Diogo Dalot, defesa de 17 anos do FC Porto que se sagrou campeão europeu na categoria na época passada. Na esquerda, Raphael Guerreiro, 22 anos, é dono e senhor do lugar mas ainda há Rafa do Rio Ave (emprestado pelo FC Porto), Coentrão ainda pode ser alternativa se se livrar das múltiplas lesões.

Médios: qualidade para todos os gostos e posições

Danilo, William Carvalho, João Mário, Bernardo Silva, André Gomes, Renato Sanches. Tantos nomes, todos eles titulares nas respetivas equipas, alguns já em clubes de elite. De todos, o mais velho é Danilo com 25 anos. João Mário está a tornar-se indiscutível no Inter Milão e William Carvalho parece ter os dias contados em Alvalade até mudar-se para um clube com outros pergaminhos. Sem contar que André Gomes já está no Barcelona e Renato Sanches, de apenas 19 anos, mudou-se para o Bayern Munique. Bernardo Silva é uma das estrelas do Mónaco. Fernando Santos não poderia estar mais do que descansado: com tanto talento, difícil é escolher.

Ronaldo e mais dez

Cristiano Ronaldo já está com 31 anos mas, pelo que têm mostrado, ainda terá mais cinco anos (ou mais) de seleção. Muito se falou sobre a forma como Portugal deverá ou deveria jogar, de forma a potenciar as qualidades de CR7. Fernando Santos experimentou o 4-4-2, com quatro médios e avançados móveis. Nani foi disfarçando o papel de avançado mas nos últimos dois jogos Portugal parece ter encontrado o seu ´Dom Sebastião` dos golos, depois da saída de Pauleta. André Silva (20 anos) ´casou` bem com Ronaldo e marcaram, em dois jogos, quatro e cinco golos, respetivamente. É verdade que foram contra Andorra e Ilhas Faroé mas a forma como combinaram deixa antever uma sociedade produtiva nos futuros jogos.

Mas há mais. Gélson só se estreou com Andorra mas no seu segundo jogo fez duas assistências para golo, uma delas primorosa. Ainda há Rafa Silva (23 anos) do Benfica, além de outros jogadores que possam vir a ser chamados.

Novos e velhos

Além dessa juventude toda, Fernando Santos conta com um lote de jogadores com muita experiência para ajudar a enquadrar e potenciar tanta juventude. Na baliza, Rui Patrício, com 28 anos, deve ficar por mais seis ou oito épocas. Anthony Lopes tem 26 e tem muito para dar. Há que contar ainda com a experiência de João Moutinho, Ricardo Quaresma, Éder e Nani. Uma coisa é certa: Portugal nunca teve tantas soluções boas para formar um onze.