Quando Jorge Jesus iniciou a carreira de treinador, no Amora Futebol Clube, em 1989/90, aos 35 anos, Rui Vitória tinha começado há um ano no Sport Lisboa e Fanhões, tinha então 18 anos, como jogador.

Passados 10 anos, Jesus estreia-se na I Liga, com a equipa da sua cidade-natal, o já extinto Estrela da Amadora. Rui Vitória continuava dentro das quatro linhas, aos ‘chutos’ à bola.

Mais de uma década volvida, os dois encontram-se pela primeira vez numa final, a da Taça da Liga, em 2011, estava Rui Vitória na sua primeira experiência no escalão mais alto do futebol e Jesus no seu segundo de quatro anos num dos ‘três grandes’ do futebol português, o Benfica.

Este domingo voltam a defrontar-se numa final, agora de outra Taça, a de Portugal. Jorge Jesus trata o técnico dos vimaranenses por «Rui», que o trata por «Mister Jorge Jesus». Rui Vitória assume que acompanha «o percurso do mister desde o Amora» e há uma certa reverência, até admiração, nas suas palavras.

«Reconheço grande capacidade, porque não é qualquer treinador que consegue valorizar os jogadores como o mister Jorge Jesus. Estão aqui duas gerações, se calhar. Eu habituei-me sempre a ver com grande reconhecimento e com grande mérito aquilo que é feito pelo mister», confessou, este sábado, durante a conferência de imprensa.

Jorge Jesus sorri quando lembra que é segunda vez que estão ‘frente a frente’. Revê-se no percurso de Rui Vitória, no facto de ser «de trás para a frente», como o seu, o que só poderá trazer êxitos ao «Rui», ultimamente apontado como seu possível sucessor.

«O trabalho do Rui nas equipas por onde tem passado, inclusive o CD Fátima, tem demonstrado toda a sua capacidade. E mais. Tem demonstrado aquilo que favorece um treinador, aquilo que dá conhecimento a um treinador, quando se tem um percurso de vários anos, de trás para a frente.

Conhece-se tudo. Conhece-se o que não é tão bom, até se chegar ao momento das grandes equipas. Esses treinadores estão mais habilitados do que os outros. Esse é o caso do Rui», deixou claro o «Mister Jorge Jesus».

Com um sorriso, Rui Vitória agradeceu as palavras e retorquiu. «Tem deixado marca registada e não devemos passar pelos clubes e pelas pessoas sem deixarmos alguma coisa do nosso cunho pessoal. O maior elogio que lhe posso dar é exatamente esse, é passar pelos clubes e deixar lá qualquer coisa seu».

Este domingo, o Jamor vai vê-los ‘frente a frente’ num jogo em que só há um resultado possível: vencer.