O dérbi lisboeta entre Belenenses e Sporting foi um dos melhores golpes de propaganda desta edição da Taça da Liga, com um bom espetáculo de futebol a prevalecer sobre o frio, a chuva e a falta de público no Estádio do Restelo. No final, a vitória sorriu aos anfitriões, que bateram os leões por 3-2, depois de terem estado a perder por dois golos.

Depois de dois triunfos nos primeiros dois jogos e uma série de oito vitórias consecutivas, o Sporting voltou a manter-se fiel à aposta nos jovens e em elementos oriundos da equipa B. No entanto, uma vez mais os “leõezinhos de Alvalade” mostraram a sua garra e talento a Marco Silva, em detrimento do desinteresse de protesto vincado no início da época por Bruno de Carvalho. Com efeito, a equipa levou o jogo muito a sério e aos 20 minutos já vencia por 0-2.

Primeiro, Ryan Gauld inaugurou o marcador aos 7’, na sequência de uma assistência de Tanaka; depois, aos 19’, o “Messi escocês” deu nova prova de qualidade ao bisar com um remate em vólei, de primeira, para a baliza do desamparado Matt Jones. A formação de Alvalade demonstrava uma eficácia altíssima perante um Belenenses frágil e desconcentrado.

Só a perder é que os azuis do Restelo começaram a carburar. Mas quando os motores se ligaram, nunca mais pararam. Liderados por Carlos Martins no meio-campo e com os velozes Dálcio – o ainda júnior brilhou na noite do Restelo - e Camará no ataque, o Belenenses começou a dar sinais de reação ainda antes do intervalo. Aos 38’, Camará fugiu à defesa leonina e disparou para o 1-2, desferindo o primeiro golpe nos leões.

O impacto do tento sofrido fez-se sentir no regresso dos balneários, com duas equipas transfiguradas. O Belenenses apresentava muita coragem, atitude e atrevimento, empurrando um Sporting agora nervoso e ‘encolhido’ para a sua defesa.

Assim, aos 54’, Dálcio apontou um grande golo descaído pelo flanco direito, depois de ultrapassar dois defesas, fazendo o empate para os azuis do Restelo. Começava a adivinhar-se a reviravolta que Lito Vidigal fez sentir possível aos seus jogadores. O técnico do Belenenses lançou Pelé ao intervalo, que foi fundamental para elevar a dinâmica da equipa da casa, e viu Camará consumar o 3-2 aos 61’, na conversão de uma grande penalidade escusada de Sarr.

O jogo mudara muito desde a primeira parte, mas não mudou a qualidade. Apenas os intervenientes azuis brilhavam agora mais do que os verdes, que esta noite até vestiam de amarelo. Marco Silva ainda mexeu na equipa perto do fim, mas o destino já estava traçado para os seus leõezinhos, esforçados, mas ainda ‘verdes’ para um oponente mais calejado e que ostenta um notável sexto lugar na Liga.

Na análise ao encontro, Marco Silva não deixou de mostrar o seu desapontamento pelo resultado negativo. “Este jogo teve duas partes distintas. No primeiro tempo tivemos uma grande qualidade e controlámos o jogo. Não permitimos ao Belenenses aproximar-se da nossa baliza. Depois, sem ter feito muito acabou por reduzir num lance duvidoso. Ainda antes do intervalo tivemos mais uma clara oportunidade para marcar mas não conseguimos. Na segunda parte a toada do jogo era mesma até ao golo do empate do Belenenses, que mudou o cariz do jogo e ficou mais repartido. Com as mudanças que o Belenenses fez ganhou outra dinâmica e ganhou vantagem através de um penalty. É um resultado injusto", disse.

Já Lito Vidigal enalteceu a qualidade da exibição dos seus jogadores: “Nós jogamos sempre de forma séria e com intenção de vencermos. É claro que por vezes encontramos adversários mais fortes do que nós. Às vezes vence-se, outras vezes não, mas as ambições são as mesmas de sempre. A vontade e a atitude foram sempre iguais. Tentámos pressionar alto desde o início do jogo e talvez por isso o Sporting fez cedo dois golos. Depois na segunda parte conseguimos virar o jogo”.