Não se pode dizer que o FC Porto não estava avisado. São conhecidos os problemas que o Marítimo causa habitualmente aos 'grandes' do futebol português, mas além disso os 'dragões' já tinham razões mais do que suficientes para saber que este jogo era tudo menos 'favas contadas'. O FC Porto perdeu pela terceira vez nas provas nacionais em 2015, e pela terceira vez frente ao mesmo adversário.

Ainda assim, Julen Lopetegui aparentou demonstrar que a Taça da Liga não entra nas prioridades da equipa ao escolher um 'onze' com muitas caras pouco habituais. Entre eles estava André Silva, o tal por quem os adeptos gritavam, assobiavam e suspiravam. Mas nem o menino da casa do Dragão conseguiu solucionar um encontro em que o FC Porto esteve longe de dominar e acabou bem batido - e quase abatido.

Os problemas foram aqueles que teimam em surgir nas noites menos fulgurantes deste FC Porto de Lopetegui: um futebol previsível no ataque e com demasiados erros defensivos, que um adversário com algum talento no setor ofensivo não pode desperdiçar. Foi mais uma vez o caso do Marítimo, que com jogadores como Fransérgio e Marega fez sangrar o Dragão. A falta de coordenação de toda a defesa 'azul-e-branca' foi frequente, mas Marcano acabou por ser a face mais visível do problema, com claras culpas nos segundo e terceiro golos.

Também na defesa de bolas paradas a equipa de Julen Lopetegui voltou a demonstrar fragilidades, permitindo ao Marítimo criar ocasiões de perigo. Foi, aliás, assim que Fransérgio inaugurou o marcador, após um livre bem batido por Rúben Ferreira e mal avaliado pela formação portista.

O FC Porto ainda conseguiu reduzir por Aboubakar e evitar o termo 'goleada', mas nem isso diminuiu o nível de contestação dos adeptos, que demonstraram de forma clara a sua insatisfação: mesmo com o FC Porto na liderança da Liga, os adeptos que marcam presença no Dragão continuam a assobiar de forma veemente a equipa a cada má exibição, dando cada vez menos margem de manobra à equipa técnica liderada por Lopetegui.

Com apenas um encontro disputado na fase de grupos, o FC Porto fica assim praticamente afastado da próxima fase da Taça da Liga. Face às duas vitórias do Marítimo, resta apenas aos 'dragões' vencer os jogos que faltam por margens consideráveis e acreditar numa surpresa levada a cabo pelo Famalicão nos Barreiros. O Marítimo, porém, promete não facilitar nessa derradeira jornada. E mais: esta equipa madeirense aparenta ter tudo para fazer um 'brilharete' nesta Taça da Liga, aproveitando também o facto de os três 'grandes' atribuírem um nível de importância relativamente baixo à prova.

Lopetegui garantiu, no final do encontro, que não ficou "arrependido" das alterações que levou a cabo na equipa. Tais considerações devem-se certamente ao tal nível de importância baixo que o técnico atribui à prova, caso contrário surpreendem, já que a equipa que entrou em campo demonstrou grande falta de entrosamento e cometeu erros crassos contra um adversário que não perdoou. Do outro lado, Ivo Vieira defendeu que o triunfo maritimista "não foi surpreendente", atirando ainda com coragem: "Poderíamos ter feito ainda mais um ou dois golos".