A Académica impediu hoje a Oliveirense de se estrear numa final da Taça de Portugal de futebol e, terminado o jogo, os adeptos derrotados revelaram-se desanimados pela «morte na praia», mas também orgulhosos por um futebol «muito digno».

À saída do Estádio Marcolino de Castro, que o Feirense emprestou como "casa" à equipa de Oliveira de Azeméis, o primeiro cachecol a destacar-se em tons de vermelho e azul foi o de António Azevedo. «Fiquei um bocado frustrado, é verdade, mas o jogo foi muito bom e a Oliveirense esteve à altura», defende, com um sorriso convicto, depois do empate 2-2 que deu o apuramento à Académica, vencedora do primeiro jogo (1-0). «Dou por bem aplicado o investimento no bilhete, porque isto foi futebol a sério, muito digno, e a Oliveirense tem que estar orgulhosa de ter chegado até aqui».

Depois, António Azevedo ri quando lhe perguntam se já era habitual acompanhar a equipa da Liga de Honra em jogos menos mediáticos. «Eu sou o pai do Guima, que é jogador da Oliveirense», confessa. «E também é por causa dele que estou desanimado, porque ele gostava de ter jogado hoje e não pôde, por ter sido expulso no último jogo».

Marina Ventura não tem desgostos tão profundos. Não tinha por hábito acompanhar os jogos da Oliveirense ao vivo, mas admite que «desta vez era especial» e afirma: «Não vou embora assim muito satisfeita, mas, mesmo sem perceber muito de futebol, acho que o jogo foi animado e nós jogámos muito bem».

Com cara de poucos amigos, o namorado não abre a boca e Marina fala por ele, bem-disposta: «É a ele que dói mais. Mas daqui a nada já lhe passa».

Quem não tem bem a noção do que estava em jogo é José Pedro Pereira, que, aos 11 anos, teve no Marcolino de Castro a sua primeira experiência de "futebol de top". Diz que não sabe bem explicar «a emoção» que sentiu no estádio, mas nota-se que ficou afetado pelo desânimo do padrinho, que o levou consigo ao estádio da Feira.

«Se tivesse corrido bem, era uma recordação para toda a vida», afirma Carlos Fernandes. «Há muitos anos que a Oliveirense não tinha um jogo assim, estávamos todos entusiasmados e agora parece que morremos na praia».

O adepto reconhece, ainda assim, que «o jogo foi equilibrado e o resultado também foi justo», pelo que o que resta agora ao clube é «continuar o seu caminho e fazer o possível para não descer de divisão».

A esvoaçar pela rua na "mancha negra" da capa do seu traje académico, Catarina Sousa é a antítese da tristeza. Talvez porque ainda só tem 19 anos, a estudante de Gestão na Universidade de Coimbra vibra particularmente com o resultado do jogo e garante que valeu a pena a despesa que a família teve para a acompanhar na bancada.

«A primeira parte foi complicada e cheguei a ver a coisa mal parada», conta essa adepta da “Briosa”, já enrolada num cachecol do Jamor em tons de preto e branco. «Mas na segunda metade fomos superiores e o resultado acabou por ficar a nosso favor - como, aliás, só podia ser», ironiza a universitária.

Mais contido, João Leite revela-se a personificação desta meia-final da Taça, ao dar cinco euros por um cachecol dividido em dois, como o seu «coração de adepto»: uma ponta é dedicada à Académica, a outra tem o nome da Oliveirense.

«Sou de Oliveira de Azeméis, mas estudo Engenharia Eletrotécnica em Coimbra», explica o jovem, trajado à civil. «Hoje estava a torcer mais pela Oliveirense, que é o clube da minha terra, mas também não fiquei triste por ser a Académica a ir à final».

Assegurando que no Jamor se vai sentir «menos angustiado», o estudante orgulha-se do desempenho de ambas as equipas, porque «a Académica foi segura, como sempre, e a Oliveirense mostrou ter qualidade, sem envergonhar ninguém».

Ao deixar o estádio em direção a casa, a sensação que João Leite leva consigo é só uma: «Vou embora tranquilo. Ninguém me deixou ficar mal».

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