Numa final da Taça de Portugal inédita no Estádio Nacional, a festa do futebol português fez-se em tons negros, com a vitória da Académica sobre o Sporting (1-0). Cerca de 73 anos depois, o troféu volta às mãos dos ‘estudantes’, que venceram a primeira edição da prova, em 1939.

O tempo instável ainda ameaçou a festa entre os adeptos leoninos e da Briosa, mas o sol acabou por vencer a chuva. No entanto, pareceu brilhar apenas para os jogadores da Académica no início do jogo, que entraram a todo o gás, surpreendendo o Sporting.

A equipa de Pedro Emanuel, que preparou este jogo durante largas semanas, parecia ter o Sporting bem estudado e descobriu uma falha no esquema leonino logo aos quatro minutos. Foi suficiente para Diogo Valente escapar pelo flanco esquerdo e cruzar para o segundo poste, onde surgiu Marinho a cabecear para o golo da Académica.

Quando ainda entravam muitos adeptos no Jamor, já as capas negras dos estudantes ‘dançavam’ nas bancadas. O atrevimento podia ter consequências ainda maiores, com Edinho a cabecear à figura de Rui Patrício aos 7 minutos.

Só a partir do primeiro quarto de hora é que o Sporting despertou. Aplicando uma dinâmica maior e uma pressão mais constante, os leões conseguiram empurrar a Briosa para a sua defesa. O jogo passava a estar nas mãos da formação de Alvalade.

O ataque organizado do Sporting dominava os estudantes, mas sem a contundência necessária para ameaçar a baliza de Ricardo. Assim chegou-se ao intervalo, que logoo deu lugar a uma segunda parte emotiva.

Nos primeiros cinco minutos do segundo tempo, Edinho, por duas vezes, quase levou ao desespero os 15 mil adeptos da formação de Coimbra, com dois falhanços incríveis. A ‘proeza’ foi rapidamente imitada por Wolfswinkel na outra baliza, com duas perdidas na mesma jogada.

Izmailov já saltara para o lugar de Elias e o Sporting parecia agora mais determinado. Porém, ao maior risco dos leões, a Académica respondia  com uma lição de solidariedade e inteligência, personalizada na solidez de Abdoulaye na defesa ou na mestria de Adrien no meio-campo. Cedido pelo Sporting, o jovem médio puxou os cordelinhos do jogo e foi o melhor homem em campo, numa ‘pequena traição’ ao seu clube.

A Académica resignava-se ao contra-ataque, mas sem se entregar ao Sporting. A equipa de Sá Pinto denotava sinais de desespero com o avançar dos minutos e nem as entradas de Jeffren e André Marins pareciam capazes de mudar a história.

A isso os estudantes resistiram e celebraram em euforia com o apito final do árbitro Paulo Baptista. O Jamor pintou-se de negro, onde o convidado-surpresa da final acabou por fazer a festa.