Os cerca de cinco mil adeptos do Rio Ave assumiram como “desígnio” para o dia de hoje, no Estádio Nacional, em Oeiras, “viver intensamente” a final da Taça de Portugal de futebol.
Estar em minoria não inibiu os adeptos do emblema de Vila do Conde, muitos deles a cumprirem a sua estreia no encontro decisivo da prova “rainha” do futebol nacional, ao qual o Rio Ave apenas chegou uma vez, em 1983/84.
Concentrados na mata da zona do norte do estádio, os festejos faziam-se em tons verde-brancos, juntos dos cerca de 50 autocarros que viajaram desde cidade nortenha, assentando arrais em todos os locais disponíveis, munidos com farnel, muita bebida, mas sobretudo, boa-disposição.
"Declaramos que este pedaço aqui é um bocado de Vila do Conde em Lisboa e todos são convidados para virem comer e beber o que trouxemos", garantiu Jorge Lima, que veio para o recinto, localizado no concelho de Oeiras, com mais 47 amigos num autocarro fretado por uma empresa local.
"Só tive mesmo de vir e estar preparado para gritar pelo Rio Ave, tudo o resto estava organizado, comida e bebida à discrição", prosseguiu o vila-condense, que a duas horas do jogo, ainda não quis avançar um prognóstico para o jogo: "Não sei mesmo, vai ser difícil para o Rio Ave, mas digo-lhe uma coisa, já valeu pelo convívio".
Mais à frente, Francisco Fernandes observava os efusivos companheiros a ensaiarem os cânticos para o jogo, ao lado de uma tarja gigante amarrada a duas árvores, onde se podia ler "Somos a maior força de Portugal".
"Cheguei a vir à final de 1984, mas ainda era muito pequeno, não tenho grandes recordações, mas agora estou com um bom pressentimento, acho que se entrarmos tão bem como fizemos nos minutos inicias da Taça da Liga, podemos causar a surpresa", admitiu.
Mais recatadas, sentadas numa manta à sombra de uma árvore, Maria Glória e Alexandrina Barros, disfrutavam, descalças, o sol da tarde no Jamor, mostrando menos fé no seu Rio Ave.
"Chegar aqui já foi bom. Gostei muito deste passeio e da merenda que cá fizemos, mas veja lá que somos um clube pequeno, não podemos fazer grande coisa frente ao Benfica. Espero que os nossos rapazes demonstrem, pelo menos, que somos gente do mar, com raça", comentou Alexandrina.
Maria Glória, mais recatada, confessou que veio pela primeira vez a Lisboa, sobretudo para fazer companhia a amiga, mas o que viu não lhe agradou: "É muita juventude, já com muitas cervejas em cima, a berrar e gritar. Só queria ver o meu Rio Ave ganhar para, depois, voltar para casa".
Certamente alheios aos queixumes da sexagenária vila-condense, os elementos da família Festas, não deixavam de expressar o seu "rioavismo" entoando os cânticos que habitualmente se ouvem no Estádio dos Arcos.
"Viemos de Caxinas, somos vizinhos do Fábio Coentrão, e não podíamos deixar de apoiar o nosso Rio Ave. Vamos a quase todos os jogos, mas este é realmente especial. Pela festa que cá estamos a fazer merecemos levar a Taça para Vila do Conde, antecipou o patriarca José Manuel, deixando uma mensagem aos que ficaram em Vila do Conde.
"Mesmo se não ganharmos temos todos de nos concentrar junto ao estádio para recebermos estes jogadores. Pelo que já fizeram e pelas alegrias que nos deram já são uns heróis", vincou, um pouco emocionado.
Benfica e Rio Ave disputam hoje, a partir das 17h15, a final da 74.ª edição da Taça de Portugal de futebol.