Depois da Europa, a Taça de Portugal. O Benfica chega ao mês de dezembro apenas na disputa de duas competições – campeonato e Taça da Liga - e já sem hipótese de repetir o ‘triplete’ da última época. A derrota desta quinta-feira, por 1-2, com o Braga foi, na verdade, a repetição de um filme já visto esta temporada, pois os bracarenses foram a única equipa a bater os encarnados na Liga. E vão duas vitórias para Sérgio Conceição sobre Jorge Jesus em 2014/15.

No embate dos oitavos de final da Taça de Portugal, realizado no Estádio da Luz, o favoritismo pendia claramente para os encarnados, face ao moral conquistado pela vitória no passado fim de semana no Dragão. Porém, o efeito revelar-se-ia efémero. As ausências de vários habituais titulares, como Luisão, Salvio, Samaris e Talisca, ajudam a explicar o desaire, mas não contam toda a verdade. E essa escreveu-se por obra de um Braga sólido, eficaz e cheio de atitude.

Após algum equilíbrio inicial e jogadas polémicas para cada lado, o Benfica assumiu o controlo do jogo, mas não sem sofrer alguns calafrios junto da sua baliza. O nulo seria desfeito aos 32 minutos, graças a um excelente cabeceamento de Jonas na sequência de uma assistência de Maxi Pereira. Ao oitavo golo do avançado brasileiro pelos encarnados poderiam ter-se somado mais alguns, mas o guardião Kritciuk fechou à chave as portas da sua baliza e defendeu tudo o que havia para defender.

Estavam lançadas as sementes para a resistência bracarense, que se agigantou no início da segunda parte. A saída precoce e inesperada de Enzo Pérez ao intervalo, por lesão, abriu muitos espaços na zona intermediária do vencedor da anterior edição da ‘prova rainha’. A formação de Sérgio Conceição não perdeu tempo a aproveitar e no espaço de 13 minutos já tinha conseguido a reviravolta, por Aderlan (48’) e Pardo (58’).

O que se seguiu foi, paradoxalmente, uma das melhores atuações encarnadas da época. Com jogadas marcadas pela afamada ‘nota artística’ de Jorge Jesus, o Benfica esteve muito perto do golo em diversas ocasiões, mas em todas elas Kritciuk disse bem alto: ‘Presente’. Só assim o Braga soube resistir ao sufoco encarnado, com alguma sorte e inépcia adversária a contribuírem igualmente para o fim do jejum de 60 anos dos triunfos dos arsenalistas no recinto do Benfica.

Após a partida, o treinador responsável pelas duas únicas derrotas do Benfica em Portugal negou ter um “segredo” para o sucesso contra o campeão. “Não há segredo, o segredo é o trabalho. Também tivemos alguma sorte. Quero realçar ainda o bom espetáculo a que assistimos. Não é fácil vir aqui à Luz e eliminar o Benfica”, explicou Sérgio Conceição.

Em sentido inverso, Jorge Jesus lamentou a falta de eficácia dos seus jogadores. No entender do técnico dos encarnados, o Benfica fez “mais do que o suficiente” para não perder. “Criámos muitas oportunidades para chegar ao golo, com jogadas de grande qualidade. Houve mérito do guarda-redes do Braga e também alguma falta de eficácia dos nossos avançados. Ofensivamente o Benfica teve muita qualidade, mas defensivamente tivemos problemas que não costumamos ter derivado de algumas modificações que tivemos de fazer”, concluiu.

Num jogo bem disputado, o 1-2 final ditou o adeus do Benfica à Taça de Portugal, um sonho e um objetivo que está agora mais vivo do que nunca para o Braga.