O Benfica-Leixões, dos quartos-de-final da Taça de Portugal foi um jogo sem história. A diferença de qualidade entre as duas equipas foi tão evidente que os 6-2 aplicados pelos ´encarnados` aos ´bebés do Mar` não espantam ninguém. Até poderiam ser mais, caso o Benfica tivesse mostrado maior eficácia. Nas meias-finais teremos um Estoril-Benfica e um Desportivo de Chaves-Vitória de Guimarães. De recordar que nesta fase os jogos são a duas mãos.

O jogo: Noite de André Almeida e Mitroglou

Na fria noite desta quarta-feira, os 19048 espetadores que disseram ´presente` ao chamamento para Taça na Luz assistiram a um fenómeno raro: um golo de André Almeida. O ´bombeiro` de serviço da Luz, ´pau para toda a obra` logrou fazer o primeiro golo pela equipa principal do Benfica, ao cabo de 148 jogos. O golo foi tão festejado que todos no banco do Benfica ´gozaram` com o momento do polivalente jogador que faz de lateral esquerdo, direito, e joga ainda a médio. O último golo do jogador com a camisola do Benfica tinha sido em setembro 2012, pela equipa B dos ´encarnados` frente ao União da Madeira. Para se ter uma ideia da raridade do golo, André Almeida e o terceiro jogador que precisou de mais jogos para fazer um golo pelo Benfica. Só Fernandes em 1954 (218 jogos) e Ricardo Rocha em 2006 (153 jogos) demoraram mais para fazer o primeiro golo com a camisola ´encarnada`.

Mas antes de André Almeida aos 31 já Pizzi tinha aberto a contagem aos 21 minutos. Jonas fez o terceiro antes do intervalo, num jogo de sentido único. O Leixões, 20.º colocado da 2.ª Liga tinha dificuldades a todos os níveis: Não conseguia travar a avalanche atacante do Benfica, ora pelos corredores onde era mais perigoso, ora pelo centro onde mandava Pizzi. Mesmo assim, a turma de Matosinhos tinha espaço para sair, como mostrou nalguns lances. Faltou decidir melhor e aproveitar o espaço deixado pelo Benfica no meio-campo mas também na defesa.

Apesar disso o Leixões teve como prémio o facto de ter marcado dois golos ao Benfica na Luz. Aproveitou alguma desconcentração da defensiva ´encarnada` para fazer dois golos, um em cada parte, ambos pelo avançado Porcellis. Saúda-se o facto de Kenedy, treinador dos ´bebés do Mar` (um regresso à Luz, onde fez carreira de jogador), ter colocado a equipa a discutir o jogo quanto pode, tentando atacar sempre que tinha a bola, em vez de ´estacionar o autocarro` e ver no que dá.

No segundo tempo, emergiu Mitroglou com um hat-trick a confirmar a superioridade natural do Benfica. Rui Vitória deve ter ficado satisfeito com a resposta da sua equipa após o empate para a Liga com o Boavista no domingo a três bolas. Zivkovic mostrou que será um caso sério neste Benfica e uma boa ´ dor de cabeça` para o treinador. O sérvio teve bons pormenores, pelo que Cervi e Rafa que se cuidem porque podem ter suplantados na corrida ao onze.

Nas meias-finais da Taça de Portugal, marcadas para 1 de março (1.ª mão) e 5 de abril (2.ª mão) o Benfica vai medir forças com o Estoril. Na outra meia-final teremos um V. Guimarães-Desportivo de Chaves.

Momento-chave: Pizzi abriu as hostilidades

A resistência do Leixões durou 21 minutos. Até que Pizzi aproveitou uma falha de comunicação entre o guarda-redes Assis e um defensor para rematar para o fundo das redes, fazendo o 1-0. Depois, foi sempre a subir até chegar aos seis.

Polémica: Leixões pede penálti

Corria o minuto 37 da primeira parte quando uma bola atirada para a área do Benfica num livre foi afastada. Na confusão, Samaris acaba por acertar num adversário dentro da área. O árbitro não deverá ter visto já que havia um aglomerado de jogadores na zona. Ficou por marcar uma grande penalidade a favor do Leixões, quando o resultado estava em 2-0 para o Benfica. (VEJA O LANCE).

Os melhores:

Mitroglou: Num jogo de seis golos, quem faz três tem de ter nota positiva. Mitroglou é o melhor marcador da Taça com sete golos. Frente ao Leixões até podia ter feito mais.

Porcelis: Fazer dois golos ao Benfica na Luz não é para qualquer um. O avançado brasileiro apareceu no sítio certo em duas ocasiões para bater Júlio César. Mostrou ter faro para o golo.

Zivkovic: Um ´abre-latas` deste é uma dor de cabeça para qualquer defesa. Lenda Belly passou mal na lateral esquerdado Leixões, tantos foram os ´nós` que levou de Zivkovic. O sérvio esteve em dois golos e mostrou que pormenores de classe.

Os piores:

Defesa do Leixões: Sofreu seis golos mas podiam ter sido mais. É verdade que tinha pela frente o Benfica mas muitos dos golos ´encarnados` nasceram de erros individuais da defensiva do Leixões.

Luz a meio gás: Apenas 19048 espetadores na Luz. Muito pouco para um jogo dos quartos-de-final da Taça. É verdade que o jogo era contra o Leixões e foi a meio da semana mas esperava-se mais benfiquistas nas bancadas, num estádio habituado a ter quase 60 mil no estádio.

Defesa do Benfica: Sofrer dois golos na pequena área do 20.º classificado da II Liga dá que pensar. O Benfica não esteve bem a defender, não mostrou concentração m todos os lances. Esta mesma defesa já tinha sofrido três frente ao Boavista. Cinco golos em dois jogos é muito para uma equipa de topo como o Benfica.

Reações:



Rui Vitória: "Fizemos seis golos e mais alguns ficaram por marcar"


André Almeida: "Os golos da equipa são os meus golos"

Rui Vitória: "Fizemos seis golos e mais alguns ficaram por marcar"

Porcelis: "Feliz por termos jogado com o Benfica olhos nos olhos"

Kenedy: "Dignificámos o Leixões, mas as individualidades resolveram o jogo"

Curiosidades:

Não se marcavam (pelo menos) oito golos num jogo da Luz desde 2009 (Benfica 8-1 V. Setúbal).

Nos três últimos jogos em casa, o Benfica marcou um total de 13 golos.

A última equipa de escalão secundário a marcar dois golos em casa do Benfica na Taça Portugal tinha sido o Régua, em 1977/78 (7-2).

Esta é a segunda vez esta época que o Benfica marca seis golos, ambas na Taça de Portugal (Marítimo, Leixões).

O Leixões não sofria seis golos num jogo da Taça Portugal desde 1979/80, também frente ao Benfica (8-0).

Mitroglou isolou-se como melhor marcador da Taça Portuga com sete golos.

Porcellis é o 1.º jogador do Leixões a bisar em casa do Benfica. Só um jogador do Leixões tinha marcado dois golos num jogo aos ´encarnados`, mas em Matosinhos (Vítor, em 1942/43).