O selecionador nacional da seleção de futsal da Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual considera que «a equipa portuguesa merecia mais apoios e reconhecimento».

Com uma passagem invicta pelo 3.º Campeonato do Mundo de Futsal INAS que decorreu em La Roche-sur-Yon (França), entre outubro e novembro, a seleção portuguesa de futsal da Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual (ANDDI) sagrou-se campeã mundial, conquistando um título que já tinha sido seu em 2007, quando a prova se realizou em Tondela.

A equipa lusa acumula, assim, este título ao de campeã europeia, num campeonato realizado em 2010, na Guarda.

Em declarações à agência Lusa, o selecionador nacional da ANDDI, Luís Fontinha, lamentou a falta de «reconhecimento e de apoios», dando conta das «muitas dificuldades» com que decorrem os estágios nacionais.

«Os apoios nunca são suficientes e são sempre aquém do mínimo necessário. Muitas vezes, eles nem sequer existem, como foi o caso deste ano, já que a equipa de futsal da ANDDI não fazia parte do projeto de alto rendimento nacional, devido ao facto de no ano transato ‘só’ ter ficado em quarto lugar no Campeonato do Mundo», referiu Luís Fontinha, criticando o critério definido para a atribuição de apoios e lembrando «o percurso de conquistas» do grupo que lidera.

Luís Fontinha, que é selecionador de futsal da ANDDI há 10 anos, falou do futuro da modalidade e da importância destas provas para jovens com síndrome de down.

A média de idades dos atuais selecionados portugueses ronda os 28 anos. Apenas quatro atletas do grupo que seguiu para França tinham entre os 21 e os 23 anos.

«A aparição de atletas mais novos com valor para entrarem na seleção não é fácil, os clubes onde podem ser recrutados são cada vez menos devido à falta de apoio financeiro, as instituições também estão em dificuldades, mas tudo faremos para ir renovando sem perder a enorme qualidade que temos», disse o técnico luso.

Participaram no 3.º Campeonato do Mundo de Futsal INAS 12 atletas portugueses: cinco do NUCLISOL – Jean Piaget, instituição de Vila Real, e sete do Clube de Gaia. Mas existem atletas selecionáveis de outras instituições e localidades, como os da Ilha da Madeira que segundo Luís Fontinha, não puderam estar presentes em nenhum estágio «devido às dificuldades financeiras» que também influenciam a agenda de estágios.

«Dos seis agendados só foi possível realizar dois, um em setembro nos Olivais, em Lisboa, e outro em outubro, em Vila Nova de Gaia. Os estágios limitam-se ao dia de sábado, realizando-se dois treinos, um da parte da manhã e outro a meio da tarde», contou Fontinha.

Mas, quando questionado sobre qual a forma de motivar estes atletas, o selecionador refere que é «facílimo» motivar os jogadores, uma vez que «a participação e a conquista de um título são vistos como uma afirmação social tremenda, mesmo que essa afirmação seja só perante os mais próximos».

«São atletas, jogadores, pessoas, que estão habituadas a ter pouco e por isso já não é estranho. As maiores dificuldades prendem-se exatamente com a problemática de poderem conciliar o emprego com presença em estágios aos sábados e participação nas competições. Aqueles que trabalham e são a grande maioria tiram férias para poderem estar presentes», descreveu.

Luís Fontinha adiantou que a «ambição» da sua seleção, «apesar da falta de reconhecimento generalizada» é «interminável»: «Estes atletas querem fazer sempre o melhor e representar com dignidade o nosso país. Temos sido mais fortes e por isso temos conquistado estes títulos», concluiu.

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