O cronómetro encaminhava-se para o fim do prolongamento da final da Taça de Portugal de futsal. Para uns, os segundos eram intermináveis, para outros tudo acontecia demasiado rápido. Soou a buzina do pavilhão. De um lado os jogadores saltavam e davam largas à alegria, do outro contrastavam os rostos fechados e as mãos na cabeça. O Fundão era campeão e fazia história pela primeira vez. O Benfica traía a história dos favoritos.

Foi este o filme que se viveu no Pavilhão Dr. Salvador Machado, em Oliveira de Azeméis. Foi este o filme com final feliz protagonizado pela equipa do Fundão e pelo seu treinador Joel Rocha.

O privilégio de treinar o Fundão 

O SAPO Desporto falou algumas horas depois do triunfo suado com o treinador do Fundão. Joel Rocha enalteceu a grandeza do feito alcançado.

"Em primeiro lugar, somos uns privilegiados por podermos demonstrar que a nossa força não é individual, mas sim coletiva. Sinto muita alegria, muito orgulho e muito prazer. Tenho consciência do grande resultado que conseguimos ontem", começa por dizer o treinador que há quatro anos orienta a equipa da Beira Baixa.

O técnico lembra que esta é uma vitória "de muita gente desconhecida que não aparece na fotografia, de gente humilde e dedicada", e assume o orgulho que é treinar este grupo de jogadores.

"Eles (jogadores) sabem o quanto me sinto privilegiado e orgulhoso por poder trabalhar com eles (...) eles demonstraram muita coragem durante os 50 minutos", acrescenta.

Um início de época com lágrimas

Mas nem tudo foram rosas esta época. O Fundão teve um início de campeonato muito complicado. Só à 17ª jornada do campeonato, a equipa conseguiu somar duas vitórias consecutivas. Joel Rocha lembra que até lágrimas houve quando os resultados não correspondiam ao que era esperado.

"O início foi difícil e inesperado. No meu entendimento, o resultado de ontem tem muito a ver com esse início menos bom. Todas as lágrimas que nós deitámos no início da época, que as deitamos porque somos humanos e fazemos isto com paixão, criaram-nos uma consciência e uma responsabilidade tão forte e tão grande que isso se refletiu ontem no nível da qualidade do nosso treino e do nosso jogo", destaca.

"Interioridade não é inferioridade" 

Mas esta conquista vai muito para além do clube do Fundão. Joel Rocha explica porquê.

"Esta conquista vai ser sentida com o passar das semanas, meses e anos. Aquilo que nós temos noção clara é que é uma conquista com um grande impacto positivo e que isso sirva de exemplo não só para o clube mas para toda a região. Interioridade não é inferioridade e por estas zonas do país trabalha-se muito e bem", conclui.

Agora há que regressar à realidade, assentar ideias porque já no próximo fim-de-semana tem início o play-off do campeonato e o Fundão terá pela frente os Leões Porto de Salvo.