O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) prognosticou hoje na Assembleia da República que, "se nada mudar", Portugal irá ter «zero medalhas, menos atletas e modalidades» nos Jogos Olímpicos Rio2016.
«Se nada mudar no panorama desportivo em Portugal, se não houver uma política desportiva, como tem acontecido até aqui com os vários governos, vamos ter menos modalidades, menos atletas e, provavelmente, zero medalhas no Rio», disse Vicente Moura, ladeado pelo chefe de missão em Londres2012, Mário Santos, na Comissão Parlamentar de Educação Ciência e Cultura.
O responsável máximo do COP, que se prepara para abandonar o cargo após largos anos em funções, recusou ainda manifestar qualquer preferência pelos candidatos «competentes» que já se perfilam para o posto, adiantando apenas que a instituição ficará «bem entregue».
«Temos de fazer um esforço para somar e não dividir. Federações, clubes, atletas, técnicos, responsáveis políticos e administrativos, todos têm de trabalhar para um plano a 10 anos. Só assim há resultados. Agora, ou se quer incrementar o número de praticantes em geral, investindo no Desporto de base, ou se querem seis medalhas e, aí, há que investir a sério no alto rendimento e assumir que se deixa de parte o resto», continuou.
Para Vicente Moura, «há federações que trabalham muito bem, outras mal e outras pessimamente mal e o Estado deve avaliar cada federação e seus desempenhos», salientando a canoagem como «a modalidade que melhor soube encarar este desafio olímpico».
O líder da missão lusa na capital londrina, Mário Santos, também presidente da Federação Portuguesa de Canoagem, preferiu salientar as crescentes dificuldades para um país como Portugal no apuramento para os Jogos Olímpicos, em virtude do investimento feito por outras nações.
«É cada vez mais difícil chegar aos Jogos Olímpicos. Portugal, com os meios que disponibiliza e o número de praticantes que tem, conseguir participar com 77 atletas e com o maior número de semifinalistas de sempre, até tem conseguido ser competitivo», disse.
O presidente do COP, «uma vez liberto destes afazeres», afirmou querer «continuar contribuir para uma solução».
«Se alguém pensa que eu estou reformado, está muito enganado. Continuo interessado no fenómeno olímpico», esclareceu, embora sem especificar em que moldes.
Vicente Moura escusou-se também a comentar a atual situação conturbada do seu clube, o Sporting - em grave crise desportiva, no futebol, e com constantes polémicas relacionadas com atual direção, presidida por Godinho Lopes -, adiando declarações para «momento mais oportuno».