José Manuel Constantino, candidato à presidência do Comité Olímpico de Portugal, considerou hoje que o governo «não tem alternativa» a atuar perante a «inadmissível atitude» do presidente da Fundação do Desporto que o critica na corrida eleitoral.
«O texto [de Luís Santos] não me merece nenhum comentário, já a sua publicitação colocou um problema político ao governo, que já tem tantos problemas que dispensava mais este. Porque ao presidente de uma fundação pública, cargo de nomeação governamental, é exigível, numa disputa eleitoral desta natureza, um comportamento de imparcialidade, isenção e equidistância que foram completamente violados», vincou Constantino, em declarações à agência Lusa.
Marques da Silva, igualmente candidato à presidência do COP nas eleições de terça-feira, enviou hoje aos membros do colégio eleitoral um texto de Luís Santos, em que o dirigente da Fundação do Desporto, nomeado pela tutela e que administra verbas de dinheiros públicos e os Centros de Alto Rendimento, critica José Manuel Constantino.
«Com toda a franqueza, creio que não há grandes alternativas. Não quero estar a adiantar-me à decisão do governo, mas saberá bem qual a conduta exigível a um titular de posto público numa matéria desta natureza e tirar daí as respetivas conclusões. É isso que espero», disse Constantino.
O candidato lembra que «já não é a primeira vez que isto ocorre».
«A primeira foi quando aceitou durante um certo período ser mandatário de uma candidatura [Marques da Silva], estando a exercer função de natureza pública. Agora cabe ao governo extrair as consequências desta atitude, imprudente, e tomar as medidas que a gravidade da situação requer», reforçou.
José Manuel Constantino lamenta a “completa ausência de bom senso e interiorização das obrigações de um titular de cargo público que gere recursos financeiros do estado” e que Luís Santos «tem relação preferencial com federações desportivas e não se inibe de tomar decisão pública que entendeu».
«É uma coisa profundamente lamentável e presumo que o governo é apanhado de surpresa. Mas é óbvio que agora não tem grandes alternativas: tem de avaliar a gravidade da situação e adotar as medidas que ela requer», incitou.
O candidato refuta a ideia de que a atitude de Luís Santos condicione as federações a favor de Marques da Silva, considerando que as mesmas «são suficientemente maduras e experientes» para analisar o sucedido e lembrando que «os atores em jogo são suficientemente conhecidos».
«Não creio que isso vá condicionar em nada o comportamento das federações», reforçou.
Questionado sobre como serão as relações futuras com a Fundação do Desporto caso seja eleito para o COP, Constantino diz que essa questão terá muito de responsabilidade governamental.
«A mim não causa problemas nenhuns, mas sim ao governo, refém da deposição de um seu nomeado em relação a uma disputa eleitoral e uma candidatura. Quem fica refém e em posição desconfortável é o governo», garante.
Constantino assume a surpresa por nova situação protagonizada pelo presidente da Fundação do Desporto: «Depois dos avisos que o governo fez relativamente ao seu comportamento enquanto foi mandatário de uma candidatura, esperava que tivesse percebido qual era a orientação que a tutela tem sobre esta matéria».