O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) alertou hoje que os cortes impostos às federações vão ter reflexos nos resultados desportivos e desafiou o governo a explicar para que setores vai transferir as verbas dos jogos sociais.

Após uma audiência com o vice-presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues, em representação da presidente, José Manuel Constantino recordou que as receitas dos jogos sociais, que são umas das fontes de financiamento que sustentam o apoio às federações, cresceram «cerca de 13 por cento nos primeiros seis meses, relativamente ao mesmo período do ano anterior».

«É preciso explicar como é que, não havendo redução desses recursos, ele está a ter efeitos numa redução do apoio às federações desportivas», defendeu.

O presidente do COP considerou que, «porventura, o governo entende que o recurso que deve ser transferido para as federações, e que não diminuiu - antes pelo contrário, cresceu -, tem de ser aplicado noutros setores».

«É desejável que o governo explique que setores são esses, para se perceber o alcance político da medida», sustentou.

José Manuel Constantino, que esteve acompanhado pelos vice-presidentes Hermínio Loureiro e Rosa Mota, reiterou que os cortes anunciados terão impacto nos resultados desportivos.

«O governo tem de ter consciência de que, a partir do momento em que o seu envolvimento na criação de condições para o alto rendimento é menor do que aquilo que tinha anunciado, os resultados também têm de ser menores do que aqueles que eram expectáveis», argumentou.

O presidente do COP reforçou a ideia, notando que, «se os recursos financeiros que são disponibilizados às federações são distintos daqueles que estavam anunciados, naturalmente que isso terá consequências do ponto de vista da preparação desportiva, da participação nos quadros competitivos e, portanto, tem influência nos resultados desportivos».

Constantino recordou as preocupações manifestadas pelo COP, designadamente o alerta lançado às federações relativamente a «direitos adquiridos no que concerne a contratos já assinados», e disse aguardar a evolução da situação.

O governo anunciou às federações que iria aplicar um corte de 20 por cento no financiamento do alto rendimento e seleções nacionais até agosto, depois de ter cortado nove por cento nos contratos-programa já assinados para o desenvolvimento da prática desportiva e enquadramento técnico, preparando-se para diminuir outros nove por cento neste item.