João Rodrigues salientou hoje a dificuldade que teve para garantir uma vaga para Portugal em RS:X (windsurf) nos Jogos Olímpicos Rio2016, que assumiu serão os últimos da sua carreira.

“O que marca esta [qualificação] é a dificuldade que tive em me qualificar, o preço que paguei para que isso acontece. Se por um lado custou imenso, por outro não consigo esconder o orgulho por conseguir fazer esta semana do princípio ao fim sem me desintegrar”, disse João Rodrigues, à agência Lusa.

Lembrando que oficialmente ainda não está qualificado para os seus sétimos Jogos consecutivos, o madeirense assume que, caso se confirme o apuramento, se vai despedir no Rio de Janeiro.

“Eu continuo a gostar muito de praticar windsurf e tenho muita pena que o corpo humano a partir dos 40 comece a deteriorar-se. Não vai dar para continuar isto por muito mais tempo, aliás, se me qualificar para os Jogos a nível nacional será a última participação sem sombra de dúvida nos Jogos Olímpicos. Tenho pena que isto tenha de acontecer agora. Eu gostava de continuar, de prolongar, mas até já começo a duvidar que faça sentido continuar a viver isto, porque o preço que tenho de pagar do ponto de vista físico e até mesmo emocional é muito grande e vai ter de acabar”, afirmou.

João Rodrigues, a poucas semanas de fazer 44 anos, terminou hoje em 28.º o Mundial de RS:X, em Mussanah, em Omã, garantindo um dos seis lugares de apuramento olímpico que estavam em disputa, dizendo, entre risos, que “não se explica” a sua longevidade.

“Desde o primeiro momento em que eu velejei em cima de uma prancha com nove anos, sabia que era isto que eu queria fazer para o resto da minha vida. Depois, a meio do caminho, apareceram os Jogos Olímpicos e uma filosofia de vida com a qual me identifiquei e que tinha muito significado para mim e fiz tudo o que tinha ao meu alcance para prolongar o máximo possível o estilo de vida que adorava”, afirmou.

Esta poderá ser a sétima participação olímpica consecutiva do madeirense, que considera que “todas elas foram distintas”.

“A primeira foi muito especial porque era a primeira. A segunda foi incrível, porque tinha acabado o curso quando me qualifiquei. A terceira foi maravilhosa, porque já estava a trabalhar e foi tentar compatibilizar uma carreira com o windsurf. A quarta foi maravilhosa porque quase ganhei uma medalha. A quinta foi extraordinária, porque decidi aos 33 anos que ia fazer carreira no windsurf e abandonei a minha carreira como engenheiro. A sexta foi excelente porque foi em Londres e eu adorava aquele sítio. A sétima foi espetacular porque custou o que custou”, lembrou.

O madeirense disse que já sabia que a prova se ia disputar num sítio quente, mas não imaginava que “fosse tão extraordinariamente quente”, afirmando que o mundial foi disputado com “temperaturas sempre entre os 35 e os 38 graus, humidade sempre acima dos 70, 80 por cento”, ao que se juntou o vento fraco.

Fizemos 12 regatas com menos de nove nós, algumas com menos de seis nós. Só hoje tivemos as condições normais para este sítio, com 15 nós, para a derradeira regata. Foi um prémio de consolação”, referiu.