O secretário de Estado do Desporto, Emídio Guerreiro, considerou hoje lamentável o escândalo de doping que está a abalar o desporto russo, com o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) a pedir punições exemplares para os envolvidos.

“Esses fenómenos são sempre preocupantes e, sobretudo, condenáveis. Quando nos deparamos com situações como estas, em que parece haver indícios de um grau de conivência de cima abaixo, que é exatamente o contrário do que nós cá temos, é preocupante, mas é sobretudo triste e lamentável, porque o desporto é acima de tudo ética e respeito”, disse Emídio Guerreiro, à chegada à Gala do Desporto, da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), que está a decorrer no Casino Estoril.

O ainda secretário de Estado do Desporto sublinhou que em Portugal os agentes desportivos são os primeiros a lutar pela ética no desporto.

“Nós temos é de ter todos a consciência tranquila de que cá, em Portugal, existe de facto uma conjugação de esforços grandes entre todos os ‘players’ do desporto, desde os dirigentes, federações, atletas, treinadores, responsáveis, para que esses fenómenos não possam existir. Por isso, investimos bastante dinheiro no combate ao doping, adaptamos as regras, somos sempre dos primeiros países a adotar os códigos mundiais e temos bons parceiros”, salientou.

Já o presidente do COP, José Manuel Constantino, reconheceu que sempre que acontecem situações como a que está a abalar a Rússia “o desporto não sai beneficiado”.

“De algum modo, belisca a ideia de um desporto limpo. Nesse sentido, as punições devem ser exemplares, de modo a que qualquer estigma que possa existir relativamente à prática desportiva de alto rendimento seja afastado”, argumentou Constantino, indicando que os regulamentos são claros e há que cumpri-los.

Um relatório da Comissão Independente (CI) da Agência Mundial Antidopagem (AMA), tornado público na segunda-feira, recomenda a suspensão da Federação russa de atletismo, PELA prática generalizada de doping, assim como a retirada da acreditação ao laboratório de Moscovo, cujo diretor foi responsável pela destruição de 1.417 amostras consideradas suspeitas de práticas dopantes, uma indicação já concretizada.

O documento elaborado pela comissão acusa também, entre outras coisas, os serviços secretos russos de intimidação dos responsáveis pela análise de amostras recolhidas nos Jogos Olímpicos de Sochi (2014) e recomenda, igualmente, a erradicação de cinco atletas e cinco treinadores.

Entre os atletas que a comissão quer ver afastados do atletismo está Mariya Savinova, campeã olímpica dos 800 metros nos Jogos de Londres2012, e Ekaterina Poistogova, bronze na mesma categoria.

A agência mundial criou uma comissão de três elementos, chefiada por Dick Pound, justamente com o objetivo de investigar os casos de doping, trazidos a público por uma estação televisiva alemã em dezembro de 2014.

De acordo com os responsáveis da Comissão, é muito claro que os casos de doping no atletismo russo “não poderiam ter acontecido” sem o conhecimento e consentimento do governo russo.

A AMA quer agora que a Rússia seja impedida de estar nas provas de atletismo dos Jogos do Rio2016, considerando que os resultados de Londres2012 foram “sabotados” pela presença de atletas dopados.