O atirador João Costa prefere manter o mistério sobre aqueles que serão os seus objetivos na quinta presença olímpica, mas garante não estar a pensar nas medalhas do Rio2016.

“Tenho alguns objetivos definidos. Alguns não vou dizer publicamente, outros posso dizer, que é não ficar em último. Em termos de expectativas de resultados, é sempre uma grande incógnita porque todos os atletas que lá estão são grandes atletas”, resumiu à agência Lusa o atleta mais velho da Missão Olímpica Portuguesa aos Jogos Olímpicos do Rio2016, considerando que os favoritos são todos os que figuram dentro do ‘top-20’ do ‘ranking’.

A experiência ajuda João Costa, de 52 anos, a encarar de forma descontraída as esperanças que outros depositam em si, por isso quando a perguntar é “vai lutar por uma medalha?” a resposta é rápida: “Não vou a pensar nisso. Vocês esperem o que quiserem, porque o público, no geral, espera sempre o melhor do português que lá vai. Nós vamos dar o melhor, a partir daí vamos ver o que vai dar”.

O múltiplo campeão nacional conquistou a quota olímpica para Portugal na Taça do Mundo de Fort Benning, nos EUA, disputada em maio de 2015, ao ser terceiro classificado no concurso de Pistola de Ar Comprimido a 10m, um resultado que valeu não só o apuramento para esta prova como para a de Pistola Livre a 50m, precisamente as duas provas em que competiu nas suas quatro anteriores participações olímpicas.

Diante dos seus quintos Jogos Olímpicos, João Costa assume que a sensação é parecida, mas diferente, uma vez que estes são no Rio de Janeiro, um sítio que conhece bem e onde falam português, e congratula-se pelo facto de ter atingido uma marca ao alcance de poucos.

“Há poucos atletas com cinco. Felizmente, há um com seis, que vai para os sétimos [o velejador João Rodrigues] e toda gente está a olhar para ele e ainda bem”, brincou, no seu jeito bem-disposto.

Apesar de não ser um novato nestas andanças, o atirador da Figueira da Foz, que em Londres2012 foi 7.º na Pistola de Ar Comprimido a 10m e 9.º a 50m, ainda sente emoções especiais em cada edição olímpica.

“Não é nervosismo por estar lá. Na altura da competição irá haver sempre algum nervosismo, da final então... sejam uns Jogos ou qualquer outro campeonato há sempre muito nervosismo, embora não pareça. Mas uma pessoa começa a habituar-se, para bem, que é para não estar nervoso”, explicou.

Muito crítico quanto ao esquecimento da imprensa portuguesa em relação às modalidades em anos não olímpicos, João Costa confessa-se novamente desiludido.

“Mais uma vez se confirma que nos dão mais atenção de quatro em quatro anos. Para mim, isso verifica-se pela quinta vez. Ou seja, tive três anos com campeonatos nacionais, aqui nesta carreira [de tiro do Jamor], tivemos muitas provas em que não esteve cá ninguém. Em provas internacionais, não foi ninguém da imprensa e agora para os Jogos aparecem porque já vai vender alguma coisa. Isso desilude-me um bocado. Claro que é sempre benéfico para a modalidade ter alguma atenção, mas devia ser mais permanente”, defendeu.

Por isso, o atleta do Sporting deixa um conselho aos mais jovens, que farão no Rio2016 a sua estreia olímpica: “diria para terem muita calma, descontração, para dar o melhor e esquecer a imprensa”.

Com 52 anos, Costa recusa-se a descortinar se Tóquio2020 ainda está no seu horizonte – “não faço promessas. Não penso nisso. Neste momento, não tenho nenhuma dioptria, não sei o que vai acontecer daqui a quatro anos” -, mas não quais são as suas memórias das edições anteriores.

“As melhores são sempre as finais onde estive e as piores são não ter ido às finais, porque estamos lá para isso. Depois há muito boa recordação que não iríamos ter tempo para falar. É uma vivência muito boa”, reconheceu.