Cabo Verde tem participado nos Jogos Olímpicos sobretudo por convites, mas inverteu a tendência e conta com três atletas apurados por mérito próprio para o Rio2016, um facto considerado de "histórico" pelo Comité Olímpico Cabo-verdiano (COC).
"O mérito próprio deve ser dado aos atletas, aos treinadores, aos técnicos, às federações que muito trabalharam para que nesta fase de qualificação houvesse todas as condições", disse à agência Lusa Leonardo Cuna, chefe da missão cabo-verdiana aos Jogos Olímpicos Rio2016.
Cabo Verde foi reconhecido pelo Comité Olímpico Internacional (COI) em 1993 e fez a sua estreia nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, a na altura a participação foi a convite.
"As comitivas têm rondado sempre dois a três atletas e a maior parte deles têm sido por convite. Mas este ano, excecionalmente, passámos a ter três atletas com qualificação por mérito e duas atletas que foram convidadas pelas suas boas prestações nas competições internacionais", prosseguiu Leonardo Cunha, português que está em Cabo Verde desde março do ano passado.
Cabo Verde vai estar representado nos Jogos por cinco atletas, sendo três que conseguiram apuramento por mérito próprio - Jordin Andrade (atletismo, 4x400 metros), Maria Andrade (taekwondo) e Davilson Morais (boxe) - a ginasta Elyane Boal e a corredora Lidiane Lopes, que foram convidadas.
Segundo Leonardo Cunha, o apuramento de atletas cabo-verdianos por mérito próprio é motivo de orgulho, mas também "uma grande responsabilidade" conseguir estar a par das expetativas.
Para o também secretário-executivo do Comité Olímpico Cabo-verdiano (COC), a presença de mais atletas cabo-verdianos nos Jogos Olímpicos servirá para promover valores como a amizade, respeito e excelência, mas também contribuir para o desenvolvimento do arquipélago.
"Se o desporto estiver ao serviço da sociedade e do desenvolvimento, com certeza que mais atletas vão fazer com que haja cada vez mais movimentos positivos à volta do desporto, que seguramente conseguirá beneficiar o desenvolvimento de Cabo Verde", sustentou o dirigente.
Cabo Verde vai ter a sua maior comitiva de sempre nos Jogos Olímpicos. Além dos cinco atletas, será composta por cinco treinadores, um médico, dois fisioterapeutas, três profissionais da imprensa e o chefe de missão.
A presidente do COC, Filomena Fortes, o secretário-geral, e o ministro o Desporto de Cabo Verde, Fernando Elísio Freire, juntam-se à comitiva na próxima segunda-feira.
Relativamente às aspirações e objetivos de Cabo Verde na competição, Leonardo Cunha disse que todas as modalidades têm "aspirações muito elevadas".
"Os atletas vão por mérito próprio, estão classificados como os melhores do mundo e logo aí já lhes coloca uma fasquia muito elevada relativamente àquilo que poderá ser o seu desempenho", disse, lembrando, que vão competir com outros melhores, pelo que recomenda humildade.
"Contudo, as marcas destes atletas deixam-nos bem entusiasmados com a prestação. Mas com toda o respeito pela competição e o objetivo, como dizia Pierre de Coubertin [fundador dos Jogos Olímpicos da era moderna], não é vencer, é lutar até não poder mais", continuou.
O chefe de missão indicou que Cabo Verde vai levar a sua morabeza e o sentimento cabo-verdiano ao Rio e mostrar que um pequeno país pode ser "grande nos afetos e nas pessoas".
Também espera contar com a presença de cabo-verdianos no Rio de Janeiro, estando já para o dia 03 de agosto, dois dias antes do início dos Jogos, marcado uma receção da comitiva.
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