Não se pode dizer que uma medalha olímpica seja algo que "falte" a Telma Monteiro. Defendeu isso mesmo a própria, e o seu currículo comprova-o: seis vezes campeã da Europa, cinco vezes 'vice' em mundiais e uma passagem pelo topo do ranking mundial.

Já foi a melhor do mundo na sua categoria, continua a ser a melhor de Portugal e é já uma figura que por vezes é, no nosso país, maior do que o desporto que pratica. Não haverá ainda tantos portugueses assim que conheçam 'tintim por tintim' as regras do judo, mas poucos desconhecem Telma Monteiro.

Ainda assim, e mesmo que tal pareça improvável face ao que já conquistou, a judoca lisboeta chega ao Rio de Janeiro com algo inédito por conseguir: uma medalha olímpica. Estes serão os quartos Jogos Olímpicos em que Telma participa e até agora ficou sempre a ver o pódio ao longe.

A estreia aconteceu quando a agora judoca de 30 anos tinha apenas 18. Em Atenas a jovem atleta originária de um bairro social de Almada conseguiu um notável 9º lugar, que consolidou o seu estatuto de jovem talento de nível mundial. A partir daí foi sempre a subir: vicecampeã europeia em sub-23, medalha de ouro nos Europeus de Tampere e primeiro lugar do 'ranking' em -52kg.

Prémio de atleta do ano do CNID em 2007

Telma com o prémio de atleta do ano do CNID em 2007.

Quatro anos depois de Atenas, Telma foi aos Jogos Olímpicos de Pequim, já com a carreira bem lançada e com a "tal" medalha olímpica a surgir pela primeira vez como um objetivo realista. Só que no judo, como em todos os desportes de combate, basta um dia infeliz - e um sorteio menos favorável - para que os sonhos vão ao tapete. A judoca portuguesa defrontou a então campeã olímpica Xian Dongmei logo ao segundo combate e saiu derrotada. A chinesa viria a sagrar-se bicampeã olímpica, com Telma a não conseguir mais do que novo 9º lugar.

Derrota nos Jogos de Pequim

Telma após a derrota frente à chinesa Xian Dongmei em Pequim.

Após essas infelizes Olimpíadas, Telma mudou de escalão - passou dos -52kg para os -57kg - e acumulou mais distinções: campeã da Europa pela terceira vez, vice-campeã mundial pela terceira vez e prémios máximos da Confederação de Desporto de Portugal e do CNID. Tudo parecia bem encaminhado para que Londres fosse o palco da consagração olímpica de Telma, mas a capital inglesa acabou por significar nova desilusão. Logo no primeiro combate, frente à norte-americana Marti Malloy, a judoca lusa "aguentou" pouco mais de sete minutos, deixando Inglaterra naturalmente insatisfeita.

Londres foi sinónimo de desilusão
Londres foi palco de desilusão.

Agora, no Brasil, Telma vai tentar contrariar os infortúnios e conseguir por fim a medalha fugidia. A agora oitava classificada do 'ranking' mundial chega à prova depois de ter recuperado de uma lesão grave que implicou uma cirurgia há menos de seis meses. Vencida a lesão, venha agora quem vier, Telma só pensará no pódio.