Um jornal oficial do Partido Comunista Chinês (PCC) defendeu hoje que os chineses deviam "ser solidários com o Brasil" face aos problemas que têm surgido na véspera dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
"Somos ambos países em desenvolvimento, não devemos esquecer as críticas feitas à China antes dos Jogos Olímpicos em Pequim", apontou o Global Times, jornal em inglês do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.
Num editorial intitulado "As Olimpíadas no Rio merecem o nosso aplauso", o jornal sustenta que "problemas ocasionais, amplificados pela imprensa, estão a servir para retratar os Jogos", que serão hoje oficialmente inaugurados.
Na quarta-feira, uma delegação de jornalistas chineses presenciou um tiroteio no Rio de Janeiro, quando se deslocava do aeroporto para o hotel, que resultou em seis mortos.
Entretanto, elementos do Comité Olímpico Internacional (COI) criticaram os planos de segurança e de transporte, as finanças e a poluição e alertaram que uma parte das obras previstas para os Jogos Olímpicos ainda não foi concluída.
Episódios destes têm gerado comentários "cínicos" entre alguns internautas chineses, que relembram com orgulho a "memorável" edição dos Jogos organizados por Pequim, em 2008, apontou o Global Times.
O editorial reconhece que existem "falhas" na organização do evento, mas considera que os "brasileiros estão a receber os Jogos Olímpicos com paixão e merecem que o mundo responda com a mesma paixão".
"A Aldeia Olímpica não é confortável e existem riscos de roubos a atletas e turistas. Isso é um grande problema? Consideramos que os Jogos Olímpicos devem estar envolvidos com o mundo real", argumenta o jornal.
Os Jogos Olímpicos de Pequim ficaram marcados por várias críticas da comunidade internacional ao alegado desrespeito da China pelos Direitos Humanos e à repressão exercida no Tibete.
Meses antes do início do evento, a maior manifestação em várias décadas contra o domínio da China sobre aquela região resultou em pelo menos 140 mortos, segundo o Governo tibetano no exílio.
Por causa deste episódio, a passagem da tocha olímpica ficou marcada por protestos em diversas cidades, como Atenas, Istambul, Buenos Aires, Paris, Londres e São Francisco.
A realização dos Jogos na China, cujos custos se fixaram em 40 mil milhões de dólares, foi contudo descrita como "verdadeiramente excecional" pelo então presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), Jacques Rogge.