Trinta e seis indicadores sociais do Rio de Janeiro mostram evolução positiva desde que a cidade ganhou a organização dos Jogos Olímpicos de 2016, cuja cerimónia de abertura acontece nesta sexta-feira, de acordo com dados anunciados quinta-feira à noite, madrugada em Angola.

Segundo a pesquisa apresentada quinta-feira, no Rio Media Center, pelo economista e ex-ministro de Assuntos Estratégicos Marcelo Neri, sobre o legado social dos Jogos Olímpicos, foi melhorado o acesso na recolha de lixo, energia elétrica, entre outros.

O estudo foi realizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e procurou observar se a população sofreu impacto desde o anúncio da cidade como sede dos Jogos, tendo sido consideradas as áreas da educação, trabalho, habitação, serviços de utilidade pública, transporte, inclusão digital e desenvolvimento social.

Entre os 38 indicadores observou-se que só dois foram negativos. Trata-se do tempo de transporte para o local de trabalho e o tempo de transporte, avaliado em função do salário. O estudo comparou ainda 24 dados do Rio de Janeiro com números de outros municípios da área metropolitana.

Na realidade, segundo os pesquisadores, antes do anúncio dos Jogos, de 1992 a 2008, a cidade estava com desempenho negativo em relação os municípios vizinhos em 10 indicadores, empatada em sete e melhor em outros sete, mas esse quadro mudou de 2008 a 2016.

Hoje, Rio de Janeiro deixou de ser a mesma cidade de há oito anos, com 18 itens bem posicionada que os municípios da zona metropolitana, embora apresente ainda um desempenho pior e cinco empates.

Segundo o economista, é possível notar essa mudança ao observar os dez indicadores que possuem uma evolução histórica mais longa. Uma análise destes dados nos 40 anos que precederam o anúncio dos Jogos e nos anos posteriores mostra que houve comportamento positivo nos números.

Em comparação com os demais municípios, havia uma tendência de queda do Rio em todos os dez indicadores de 1970 a 2010. Entre 2008 e 2016, o quadro modifica-se com a evolução carioca em 8 dos 10 dados comparáveis.

De acordo com Neri, existe uma ideia de que os Jogos Olímpicos não influenciam a vida do cidadão comum, apenas quem vem de fora para as competições, razão pela procurou-se saber se a vida mudou ou não e quem foi mais ou menos afetado pelas alterações.

O economista sublinhou a importância de projeto pós-olímpico e defendeu que deve dar continuidade à evolução dos indicadores, apesar de apontar que os dados apresentados e as projeções demográficas mostram que a proporção da população em idade ativa começa a cair justamente a partir de 2016 e com taxas cada vez maiores.

“É preciso uma agenda de qualidade de educação, com creches e escolas em tempo integral, além de um projeto que incentive a vinda de novos talentos de outros lugares. A visibilidade que o país ganha com as Olimpíadas pode ajudar nisso”, concluiu.