A seleção angolana sénior feminina de andebol estreou-se neste sábado com uma vitória surpreendente sobre a Roménia, por 23-19, em partida do grupo A do torneio olímpico Rio 2016, que decorre no Brasil.

A equipa de Filipe Cruz entrou sem receio da terceira classificada do último Mundial, comandando o resultado. Com cinco minutos de jogo, Angola abriu vantagem de 2-0 e um livre dos sete metros falhado por Natália Bernardo. Angola aproveitou a debilidade defensiva das romenas e aumentou a diferença para 3 contra nenhum do adversário.

Enquanto a defesa se revelava permissiva, o ataque das europeias encontrava uma barreira intransponível: a guarda-redes angolana Teresa de Almeida (Ba), com grandes defesas, o que enervava as romenas, cuja precisão de remate esteve aquém do esperado.

Em 10 minutos, Ba conquistou o público do Arena Futuro e gritava seu nome, em sinal de simpatia e reconhecimento pelo seu talento, que anulava quase sempre os remates da Melhor Jogadora do Mundial2015, Cristina Neagu (8 golos na partida). A Roménia não acreditava no que estava a acontecer, pois tudo dava errado, até que Florinda Chintoan conseguiu quebrar o jejum e fez o primeiro golo.

A “falsa” recuperação deu impressão de que intimidaria as angolanas, com o registo da primeira igualdade (3-3), porém Luísa Kiala, Azenaide Carlos, Lourdes Monteiro e Natália Bernardo devolveram a tranquilidade para as africanas e retomaram a liderança no marcador (5-4).

Com a fuga no resultado (9-6), Tomas Ryde, o técnico romeno, foi “obrigado” a pedir minuto de desconto, para tentar reverter o quadro, e, pelos vistos, conseguiu o desejo ao diminuir para 8-9. De novo, a experiência de Luísa Kiala voltou a evidenciar-se e devolveu a diferença (10-8), graças a um ataque rápido e antes do intervalo fixou o 11-9.

Na etapa complementar, a Roménia começou bem e reduziu para 10-11 antes de cair na precipitação na hora do remate final. Teve livre dos sete metros, mas Teresa Almeida evitou o novo empate e na recarga Neagu também falhou o alvo. Depois, só foi gerir o resultado, esgotando no limite o tempo de jogo.

Angola estava com o domínio. Acelerava quando queria e baixava a intensidade a seu bel-prazer. Para ganhar tranquilidade e evitar subida de ânimo das medalhistas de bronze do Dinamarca2015, aumentou para 16-11 e a 15 minutos do apito final já registava 17-13.

Seguiu-se um período intenso, sem golos. Houve cinco ataques, três de Angola e duas da Roménia. Ninguém conseguiu marcar. Teresa Almeida impediu três lances consecutivos, suficientes para desanimar a Roménia, que teve direito a vaias dos espectadores brasileiros apoiantes do representante africano.

Eliza Buceschi aproximou o marcador para 20-17, momento em que as bancadas ficaram “geladas”, com receio da recuperação romena, porém isso não passou de mera intenção, já que a última linha se revelava segura demais e contava com a torcida brazuca, e do VIP na bancada: Manuel Domingos Vicente, o Vice-presidente da República de Angola.

A festa nas bancadas tinha motivos especiais: os brasileiros estavam alegres pela surpreendente vitória sobre a bi-campeã olímpica, Noruega (31-28), na abertura da ronda do Grupo A e queriam fechar o dia com mais um triunfo para nação que tem muito em comum, inclusive a língua e outros aspectos da cultura. No final, as andebolistas angolanas agradeceram o apoio do público e exibiram a dança da família, numa coreografia contagiante.

Isabel Guialo, com cinco golos, foi a melhor marcadora da selecção nacional, seguida por Magda Cazanga e Natália Bernardo, ambas com três. O treinador Filipe Cruz “rodou” 13 jogadoras, sendo a guarda-redes Neide Barbosa a única que não saiu do banco.

Teresa Almeida (Ba), com 59 minutos e 12 segundos, foi a que mais tempo esteve na quadra, seguida da Magda Cazanga (49,32), Juliana Machado (45,27) e Natália Bernardo (42’49).