A ginasta Ana Rente assumiu hoje a sua frustração por não ter passado à final de trampolins nos Jogos Olímpicos Rio2016, considerando que saiu prejudicada pela subjetividade do júri.

"Estou desiludida por não ir à final, porque foi com esse intuito que vim a estes Jogos Olímpicos, bem como aos anteriores. Nestes senti que tinha uma hipótese, trabalhei muito para estar aqui, para chegar à final, mas o desporto é mesmo assim", disse no final da qualificação, que terminou na 11.ª posição.

Questionada sobre se tinha ficado insatisfeita com a nota da primeira série de saltos, que a relegou para a 15.ª e penúltima posição, a ginasta do Lisboa Ginásio Clube respondeu afirmativamente.

"Não fiz a série de acordo com aquilo que faço em treino e foi mais isso que me deixou um bocadinho aborrecida. Depois da série 1, percebi que tinha de fazer uma grande série 2 e tinha de ter uma grande nota para chegar à final. A sensação que tive na série 2? tive uma ótima sensação lá em cima, fiz uma boa dificuldade, um bom tempo de voo, gostei da execução. No entanto, a nota não foi o que estava à espera. Qualquer coisa cerca de um ponto acima teria sido suficiente para ir à final", analisou.

Ainda assim, Ana Rente considerou normal que a nota das atletas suba no segundo, porque no primeiro, no qual estava incluída, os juízes ficam sempre à espera do que vai acontecer e de quem vem aí.

"A subjetividade do júri, principalmente no que diz respeito à execução, pode variar sempre mais e foi aí que me senti mais prejudicada", admitiu, esclarecendo que o facto de ter ficado "um pouco aquém" do esperado na primeira série condicionou a sua entrada na final.

"Fico satisfeita [com o 11.º lugar], mas com um sabor agridoce porque queria ter ido mais além. Trabalhei para mais do que isto. Fico contente por estar aqui presente, pelas recordações, é fantástico competir com atletas que já conheço há anos e com que me dou tão bem", destacou.

Ana Rente reconheceu ainda que o Rio2016 não correu melhor do que Londres2012, onde foi também 11.ª, e escusou-se a falar de Tóquio2020.

"Tenho de pensar bem, já sou uma pessoa de alguma idade [risos]. Existem outros planos, outras coisas em que me quero focar na vida. Mas desde Pequim que ando a dizer que são os meus últimos Jogos? Vamos ver", disse a estudante de Medicina, de 28 anos, apontando que a dificuldade em conciliar a profissão com o desporto de alta competição é o que mais vai pesar na sua decisão.

Outro fator que pode pesar, mas no sentido inverso, é o sonho de competir nuns Jogos Olímpicos com o namorado Gustavo Simões, o ginasta que falhou o Rio2016 devido a uma lesão no pé, contraída a pouco mais de um mês do arranque da competição na cidade carioca.

"É um fator para ponderar, sim. Era um sonho virmos os dois, ter esta experiência juntos, ia ser diferente e muito bonita", concluiu.