“Foi a minha medalha desta época, sem dúvida. Depois de um ano com tantas dificuldades em encontrar bons saltos, consegui ter alguma consistência e arrisquei. Quem não arrisca não petisca, não foi uma prova em que conseguisse acertar nos últimos três ensaios, que foram nulos, mas eram saltos melhores. Faltou um pouco mais de consistência”, assumiu.

Com um salto de 17,03 metros à terceira tentativa, o campeão olímpico de Pequim2008 acabou na sexta posição, depois de ter conseguido 16,90 e 16,93 nos primeiros ensaios e ter feito três nulos nas derradeiras tentativas.

“Eu cheguei a pensar sempre na medalha, não me deixei intimidar muito [pelas marcas iniciais dos três medalhados]”, disse o campeão olímpico de Pequim2008, que viu o norte-americano Christian Taylor revalidar o título, com 17,86 metros, e, tal como em Londres2012, ficar à frente do compatriota Will Claye, com 17,76, com o chinês Dong Bin a fechar o pódio, com 17,58.

Com a final do triplo salto a disputar-se de manhã, menos de 24 horas depois do final da qualificação, Nelson Évora disse ter tentado “combater o cansaço de dois dias de prova seguidos, com um ‘stress’ enorme, muita emoção”, considerando que reagiu bem, “embora tivesse projetado mais” do que conseguiu.

“Tentei deixar tudo fluir. Nestes últimos ensaios foi o que procurei, tentei não me preocupar com a tábua e tentei colocar todos os meus segredos de salto, tentei pô-los em prática e saltar longe”, referiu.

Na final, Nelson Évora foi o único europeu a entrar nos três saltos finais, destinados aos oito primeiros, algo que lhe podia ter dado “o título europeu há um mês atrás”, dizendo que, “para aqueles que achavam que não, um velho conseguiu ser o melhor da Europa aqui nos Jogos”.

“Mas foi uma boa prova, tenho de ficar feliz. Sem dúvida ambicionava mais, o meu treinador espelhou um pouco isso. Disse—lhe para ficar contente, porque não se fazem milagres, tentámos fazer o melhor em nome de Portugal, por nós próprios, por tudo aquilo que passámos, por isso, valeu a pena toda essa luta”, afirmou.

Para o atleta do Benfica, o 17.º lugar nos últimos Europeus “foi um percalço, um acidente”, admitindo que falou alguma consistência ao longo da temporada.

“Ele [o treinador João Ganço] ficou insatisfeito. Ele acaba sempre por ter uma desilusão momentânea, ele ferve no momento, mas depois eu sei que ele vai assentar e pôr as ideias no sítio e apesar de tudo vai ver que foi uma boa competição. Ele tinha projetado, ele sabia que estava ao nosso alcance, mas nem sempre acontece. Nem sempre as coisas acontecem como projetamos”, referiu.

Depois dos graves problemas físicos que o afetaram – os adversários “não tiveram metade” -, Nelson Évora diz que “não há que desanimar e achar que foi uma derrota”, agradecendo “a todos os que acreditaram e apoiaram”.

“Prometo que será sempre a minha postura e que lutarei sempre até ao fim para honrar as cores nacionais”, afirmou.

Sobre a possibilidade de estar em Tóquio2020, Nelson Évora disse que, aos 32 anos, tem pensar “ano a ano”, confessando que agora pensa “em boas férias e depois voltar cheio de motivação e treinar forte sem lesões, para que seja um trabalho contínuo”.

“Foi espetacular [voltar a estar numa final olímpica], é muito bom, é gratificante estar num estádio olímpico. Para mim, estar num país de língua portuguesa, com um estádio a apoiar-me mais do que aos medalhados foi uma sensação muito boa. Tenho de agradecer a todo o estádio, ao povo brasileiro pelo apoio incondicional, toda a boa energia. Quero agradecer aos portugueses que estiveram do lado de lá a enviar-me energia positiva”, disse.

Agora, Nelson Évora vai descansar, “desfrutar as provas dos meus companheiros, apoiar quem ainda falta competir” e esparar por “alguma surpresa positiva”.

“Eu tentei dar o meu contributo, mas Telma [Monteiro] mostrou um pouco dessa nossa garra dos portugueses acreditarem até ao fim, foi um bronze [no judo]. Já sei que o [Fernando] Pimenta foi quinto e isso é a prova de que nem sempre tudo acontece como queremos, mas há que continuar a lutar”, referiu.