"Estou muito feliz por representar um país pequeno. Quero dar-lhes uma voz e garantir que o mundo inteiro os ouve. Finalmente tenho oportunidade de o fazer", disse o atleta ao KTVB, um canal de televisão norte-americano.

O atleta, de 24 anos, nasceu na Califórnia, mas toda a sua família é constituída por imigrantes cabo-verdianos, que deixaram as ilhas nos anos de 1960.

Uma das suas memórias mais antigas é quando o tio Henry, que também vivia nos Estados Unidos, correu nos Jogos Olímpicos Atlanta1996 e se tornou um dos primeiros quatro atletas a representar o país lusófono.

"Foi uma das minhas grandes inspirações em criança. Uau, tenho algum talento atlético no meu sangue", lembrou Andrade.

O tio tornou-se depois seu treinador quando começou no atletismo durante a adolescência. Neste momento, Jordin faz parte da equipa de Boise State, uma universidade no Idaho.

Depois de conseguir a marca que permite a qualificação para os Jogos Olímpicos no início do ano, Andrade, que tem dupla nacionalidade, teve de escolher o país que queria representar.

"Tenho a oportunidade de representar a minha família e as minhas raízes. Quero fazer tudo para garantir que os cabo-verdianos tenham uma oportunidade de brilhar", disse.

O jovem, que nunca esteve em Cabo Verde, tomou a decisão depois de visitar Massachusetts, onde existe uma grande comunidade destes ilhéus, e conhecer alguma família afastada.

"Quando lá fui, não estava à espera de muito. Mas acabei por receber aplausos de pé e conhecer muita gente. [A decisão] Era entre aquilo que todos queriam que fizesse e aquilo que eu queria. Toda a gente com quem lido é dos Estados Unidos e queriam que os representasse", explicou.

Andrade decidiu integrar a comitiva de cinco atletas cabo-verdianos e, na noite de terça-feira, disputou a meia-final dos 400 metros barreiras, tornando-se o primeiro atleta do país a passar para a fase seguinte nuns Jogos Olímpicos.

"[Foi um] Desfecho que mudou a história da participação de Cabo Verde", disse, em comunicado, o Comité Olímpico do país.

Andrade acabou por não se qualificar para a final da prova, mas a diáspora cabo-verdiana de todo o mundo celebrou a sua corrida como uma vitória.

Nas redes sociais, Andrade partilhou uma fotografia da pequena claque que tinha no estádio Olímpico, vestidos com camisas do país e segurando bandeiras.

"É por isto que fiz o que fiz. Cabo Verde, eu vejo-vos", escreveu.