A qualificação da equipa dos EUA para a final da estafeta feminina de 4x100 metros, nos Jogos Olímpicos do Rio, após uma repetição da meia-final, levou hoje milhões de internautas chineses a contestarem a "hegemonia" norte-americana.

Na quinta-feira, uma das atletas norte-americanas deixou cair o testemunho quando tentava passá-lo, num incidente que resultou na desqualificação das atuais campeãs olímpicas.

A federação norte-americana apresentou um protesto, que acabou por ser aceite, alegando que, na altura da entrega do testemunho, a norte-americana foi tocada por uma atleta brasileira.

Os Estados Unidos acabaram assim por se qualificar, após repetirem a prova sozinhos, o que resultou na eliminação da equipa chinesa, oitava classificada.

A federação chinesa ainda apresentou dois protestos, mas o júri rejeitou.

Em poucas horas, milhares de comentários de internautas chineses enfurecidos inundaram as redes sociais do país.

"Rio de Janeiro, porque não entregas as medalhas de ouro diretamente ao papá norte-americano, não seria mais simples?", questionou um internauta chinês.

"Ainda bem que os EUA são o país com mais medalhas, caso contrário esta edição dos Jogos Olímpicos teria de ser repetida", atirou outro.

À semelhança de outros momentos de tensão entre Estados Unidos e China, a "hegemonia" norte-americana acabou por ser a principal visada.

"Combater o domínio norte-americano é um desafio de todo o mundo", declarou um internauta.

Estados Unidos e China vivem um momento de agravada tensão, em torno das disputas territoriais no Mar do Sul da China, reclamado quase na totalidade por Pequim.

Em junho passado, a decisão de um tribunal internacional a favor das Filipinas e contra Pequim no caso da soberania das Ilhas Spratly, resultou em fortes reações da China contra os EUA, que acusam de ter manipulado os juízes.

Imediatamente após a decisão, cerca de cem celebridades chinesas denunciaram o Tribunal Permanente de Arbitragem (TPA), com sede em Haia, reproduzindo nas redes sociais um mapa da área em disputa com o comentário "a soberania territorial da China não é uma questão para arbitragem".

Milhões de internautas chineses apelaram ainda ao boicote aos produtos norte-americanos.

O caso levou também Pequim a procurar apoio diplomático, com um porta-voz de Pequim a afirmar que, entre os países que suportam a posição chinesa, estão Angola, Madagáscar e Papua Nova Guiné.

"A justiça e a integridade recebem sempre o apoio popular", disse.