A face mais trágica dos Jogos Olímpicos inclui momentos como a morte de 18 pessoas em Munique-1972 por um ataque terrorista contra a delegação israelita, boicotes por conflitos políticos ou a queda de astros por causa do doping, como a do canadiano Ben Johnson nos 100 metros de Seul-1988.
Em Munique, o grupo palestino Setembro Negro entrou na Vila Olímpica assassinando dois atletas israelitas e fazendo nove reféns.
Mas, no dia seguinte, a polícia alemã tentou capturar os terroristas e os outros reféns israelitas morreram, além de cinco terroristas, um agente e um dos pilotos dos helicópteros preparados para a fuga dos palestinos.
Depois, o presidente do Comité Olímpico Internacional (COI), o americano Avery Brundage, declarou: "the Games must go on" (os Jogos devem continuar), uma frase que se tornou famosa.
O irlandês Lor Killanin, o presidente seguinte do COI, precisou de enfrentar o boicote dos países sul-africanos aos Jogos de Montreal-1976 devido a uma digressão da seleção neozelandesa de rúgbi pela África do Sul do apartheid, dos Estados Unidos a Moscovo-1980 e da União Soviética a Los Angeles-1984, em plena Guerra Fria.
Mas se a história olímpica não pode estar orgulhosa destas páginas, também pode estar de um dos seus primeiros Jogos, os de Paris em 1900.
Apenas quatro anos depois dos primeiros Jogos da era moderna (Atenas-1896), Paris quase matou o evento desportivo com uma organização desastrosa, que teve o seu pior expoente no atletismo e na natação.
Os nadadores precisaram de competir no rio Sena e a prova de costas foi provavelmente a mais perigosa, já que precisaram competir a nadar debaixo ou ao lado de embarcações, uma vez que seus proprietários negaram a parar seus negócios durante os Jogos.
Os atletas, por sua vez, precisaram de correr em caminhos lamacentos, enquanto os lançadores de disco ou de martelo viram como os seus instrumentos desapareciam entre as árvores, sem poder encontrá-los ou recuperá-los.
Mais grave foi o caso do italiano Dorando Pietri, sendo uma das "vítimas" da história dos Jogos graças aos juízes ingleses nos Jogos de Londres de 1908. Depois de ter liderado a maratona em quase todo o percurso, Pietri caiu devido ao cansaço a apenas 100 metros da chegada e foi ajudado a ficar de pé pelos juízes para poder cruzar a linha.
No entanto, os mesmos juízes ingleses precisaram de desclassificá-lo depois de um protesto por parte do atleta que havia ficado na segunda posição.
No plano desportivo, o doping foi o grande flagelo que perseguiu os Jogos Olímpicos e as competições em geral nos últimos anos.
A grande humilhação foi vivida pelo corredor canadiano Ben Johnson, que viu a sua medalha de ouro nos 100 metros de Seul-1988 ser retirada por doping, um dos escândalos mais famosos da história do desporto.
Johnson, vencedor dos 100 metros de Seul com 9.79, que era recorde mundial, foi desclassificado por doping (anabolizantes), e o americano Carl Lewis herdou a medalha de ouro, completando a sua coleção com uma vitória no salto em distância.
Em Atenas-2004, os corredores gregos Kostas Kenteris e Ekaterini Thanou foram acusados de terem mentido, dizendo que tiveram um acidente de mota para justificar as ausências num teste antidoping na véspera do início dos Jogos.
Os dois confessarem que evitaram três exames sem aviso prévio e a Federação Internacional de Atletismo (IAAF) suspendeu-os por dois anos, uma punição que terminou em dezembro de 2006.
Por sua vez, a atleta americana Marion Jones foi desclassifica em 2008, perdendo três medalhas de ouro e duas de bronze em Sydney-2000, depois de admitir que se dopou durante os Jogos, sendo castigada inclusive com alguns meses de prisão por perjúrio.
Em Pequim-2008, a sombra do doping voltou a assombrar, mas a possibilidade de analisar as amostras meses depois, o que permitiu detetar um caso especialmente comentado, o de Rashid Ramzi, do Bahrein, desclassificado da prova dos 1.500 metros, onde ganhou a medalha de ouro, devido a doping.