As análises antidoping realizadas pela ADoP aos atletas portugueses qualificados para os Jogos Olímpicos Londres2012 não revelaram «absolutamente nada» e o chefe da equipa médica de Portugal espera que «nada venha a acontecer».

«Nós temos tido todos os cuidados para que não haja casos de dopagem com atletas portugueses», sublinhou Artur Pereira de Castro, que confia no efeito dissuasivo do acompanhamento realizado pela Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP) e do próprio Comité Olímpico de Portugal (COP).

O clínico lembra que o doping não é controlado pelo Comité Olímpico, mas pela ADoP, referindo que «têm havido ações de sensibilização de todos os atletas em relação ao doping e os atletas têm sido controlados periodicamente pela ADoP».

Pereira de Castro, 58 anos, tem uma visão curiosa sobre o que é considerado doping e faz a distinção entre o simples recurso a substâncias ilícitas e o chamado «doping psicológico», que até pode efeitos surpreendentes.

«Sou completamente contra o doping, mas eu já dopei atletas psicologicamente. Há atletas que são muito fracos psicologicamente e é fácil manipulá-los», explicou, recorrendo à vasta experiência adquirida em modalidades como o futebol (no Sporting, Vitória de Setúbal e CUF) e nas federações de ciclismo e andebol.

Em Londres, o médico cumpre os seus terceiros Jogos Olímpicos, depois de ter estado em Sydney2000 e Atenas2004, tendo ainda feito uma curta visita aos de Pequim2008, e mostra-se bastante agradado com o que encontrou na capital inglesa.

Tal como em anteriores edições, a Aldeia Olímpica de Londres2012 dispõe de uma policlínica própria que fornece apoio em vários aspetos, sobretudo em exames complementares de diagnóstico e «para todas as emergências que possam acontecer».

«Se houver um acidente com um atleta será obviamente tratado na policlínica [da Aldeia Olímpica], com o nosso acompanhamento», sublinhou, acrescentando: «Para além disso, nós montámos um posto médico no nosso espaço [apartamentos] e os atletas utilizam-no para tudo o que precisarem».

O espaço clínico da missão portuguesa dispõe de «um ‘arsenal’ de medicamentos que cobrem a maior parte das necessidades mais habituais e paralelamente foi montado um posto de fisioterapia com material de eletroterapia, marquesas e aparelhos de ultrassons».

Para os que precisam de recuperar dos esforços de competição e treinos foi também montada uma zona de massagens e existe ainda uma «zona de crioterapia», a pensar nos atletas que «competem em dias consecutivos e precisam de uma rápida recuperação para a prova seguinte».

A equipa de profissionais é composta por quatro médicos e cinco fisioterapeutas, além de outros três fisioterapeutas que vão acompanhar os atletas das modalidades que estão mais afastadas da Aldeia Olímpica, casos da vela – que compete em Weymouth, a 300 quilómetros de Londres -, remo e canoagem.

O equipamento foi acondicionado num contentor enviado pelo COP para Londres.

Pereira de Castro acredita que «estão cobertas todas as necessidades dos atletas» nacionais e, para os casos clínicos mais graves, está ainda previsto o recurso a «hospitais fora da Aldeia Olímpica providenciados pelo Comité Olímpico Internacional para a denominada ‘família olímpica'».

O chefe da Comissão Médica do COP visitou a policlínica da Aldeia Olímpica quando chegou a Londres e ficou agradado com o que viu.

«Eles têm tudo o que necessitamos. Inclusivamente, se precisarmos de algum apoio em termos de fisioterapia, têm salas de massagem, têm tudo... A policlínica aqui está muito bem equipada», garantiu.

Um cenário bastante diferente do que encontrou nos Jogos Olímpicos Atenas2004, quando a um mês do arranque da competição pediu para visitar as instalações da policlínica e em resposta recebeu apenas «umas plantas» das instalações.

«Em Atenas as coisas foram um pouco complicadas, mas não precisámos de utilizar as instalações deles. Estas aqui [em Londres] estão perfeitamente ao nível das de Sydney», sustentou.

Apesar das boas condições encontradas na capital inglesa, Pereira de Castro espera que tenha vindo a Londres «em turismo» e que os atletas não venham mesmo a precisar dos seus serviços.