Enquanto os atletas treinam diariamente as suas capacidades físicas para competirem em meetings nacionais, internacionais e nos Jogos Olímpicos, sempre à espreita de uma gloriosa medalha ou, no mínimo, melhorarem a sua marca pessoal, nos animais a boa forma física poderá ser determinante para escapar a um predador ou conseguir mais uma refeição.

Mas, e se ambos competissem na mesma pista apenas pela proeza? Como se portariam os nossos recordistas mundiais? A BBC estabeleceu uma curiosa comparação entre algumas estrelas do reino animal e os seres humanos, para ver quem corre mais depressa, lança mais longe e salta mais alto, numa busca pela melhor marca ou medalha.

Começando pela prova dos 100 metros, a chamada prova-rainha, pelo entusiasmo que provoca e o desafio às nossas próprias limitações físicas (a eterna questão, a cada quatro anos: será alguma vez possível o Homem correr os 100 metros abaixo dos 9 segundos?), com destaque para a pessoa mais rápida do planeta e que dá pelo nome de Usain Bolt, que colocou a marca nuns impressionantes 9.58s.

Bem, para nosso espanto, uma simples lebre castanha ganharia a medalha de ouro com apenas 5 segundos nessa mesma distância, se tivesse que escapar de algum predador: lobo, águia, raposa, lince, etc.

Mas, de acordo com o mesmo site, para 'empalidecer' ainda mais o nosso campeão olímpico jamaicano, chegaria o nosso 'parente' próximo africano, o macaco Patas, capaz de bater Bolt por 3 segundos, deixando-o contentar-se com a medalha de prata.

A modalidade em que os humanos poderiam dar cartas seria nas provas de fundo. Esta vantagem, segundo os cientistas, tem que ver com a nossa única (à exceção do cavalo) capacidade em transpirar através dos poros e assim arrefecer.

Ao contrário dos humanos, os animais, neste caso os mamíferos, não conseguem aguentar uma certa velocidade por um logo período de tempo, porque aquecem em excesso e não transpirando são obrigados a parar - os nossos antepassados primitivos perseguiam-nos porque sabiam que haveriam de cansar-se. Por isso conseguimos correr a maratona em duas horas.


Saltos, em altura e em comprimento

Aqui, em termos comparativos, ficaríamos bastante envergonhados pelo mundo animal. Atletas olímpicos chegam a saltar 2.5 metros em altura e 9 em comprimento. Mas, ao contrário de nós, a Natureza favoreceu-os com músculos e pernas incomparáveis com a nossa condição: basta pensar em cangurus, sapos e gafanhotos para passarmos de imediato à modalidade seguinte.

Para se ter uma ideia, algumas crias de certos mamíferos cujas pernas funcionam como molas (cangurus, lémures, macacos, etc) conseguem dar saltos de 2.5 metros. Pode parecer pouco, mas em termos humanos seria o mesmo que o campeão olímpico do salta em altura, o russo Andrey Silnov, conseguir ultrapassar uma altura de dois autocarros londrinos de primeiro andar.

Para não falar em certas aranhas saltadoras, cujas patas funcionam com pressão hidráulica, fazendo delas verdadeiros pistons, lançando-as a distâncias 30 vezes superiores ao seu tamanho.  

E as famosas pulgas? Como não poderiam deixar de ser medalhadas com o ouro, com um salto 200 vezes o seu tamanho, mesmo se isso para nós significa apenas 33 cm?
À semelhança da maratona, em que levamos vantagem na corrida de longas distâncias, também estamos bem cotados no lançamento do dardo.

O bom lançamento do dardo ou do martelo não depende apenas da força física ou endurance. Uma técnica apurada ao longo de milhões de anos faz de nós seres bem sucedidos nesta modalidade, apesar de, segundo a BBC, alguns chimpanzés já terem sido vistos no Senegal a fazer uso de lanças de madeira.

Uma palavra para a aranha Bolas, cuja performance no lançamento de uma bola de seda na captura de uma presa não deixa de ser igualmente impressionante e próximo das nossas melhores marcas.

Mas no final, como quase sempre, ganha o reino animal. Aqui também a medalha de ouro vai direitinho para o fungo do chapéu arremessador.