Pedro Fraga e Nuno Mendes querem continuar a trabalhar com o holandês Mark Emke após Londres2012 e esperam que os problemas de «política e de dinheiros» que envolvem a Federação de Remo (FPR) «se resolvam» e não «prejudiquem» os atletas.

«Espero que as coisas se resolvam agora, quer os problemas de política, quer de dinheiro. Problemas que nós pomos um bocadinho de parte, especialmente nestas alturas, e esperamos que as entidades encontrem soluções para que os atletas não sejam prejudicados», afirmou Pedro Fraga à agência Lusa.

A dupla acredita que o resultado alcançado na presente edição dos Jogos Olímpicos, com a qualificação para a Final A de double scull peso ligeiro masculino, a disputar sábado, sirva de incentivo para o Governo e a FPR arranjem «uma solução».

«Com certeza que gostávamos de continuar a trabalhar com o Mark. Ele é um dos melhores treinadores do mundo. Foi muito bom ele ter-se juntado à nossa equipa em 2010. Sentimos que evoluímos muito. Ele tem muita experiência e capacidade para nos transmitir, para nos pôr a um nível superior e para estarmos entre os melhores», comentou Nuno Mendes.

Pedro Fraga corroborou as palavras do colega, lamentando que o oitavo lugar conquistado nos Jogos Pequim2008 não tenha sido aproveitado em prol da modalidade.

«Acho que há tudo para as coisas correrem bem nos próximos anos e para podermos aproveitar os resultados que estamos a conseguir aqui. O resultado da China não foi aproveitado e continuamos um bocadinho ‘isolados’. Temos tanto talento, treinamos com atletas em Portugal que podiam estar aqui a disputar regatas e que por vários tantos motivos não podem estar», sublinhou Nuno Mendes.

Em relação a Mark Emke, os dois remadores estão em total sintonia.

«O Mark, para além de um excelente treinador e de todos os conhecimentos técnicos que têm e que nos transmite, é uma excelente pessoa. Temos aprendido muito com ele. É uma pessoa muito determinada, que nos transmite muita confiança. E penso que ele também tem vontade em continuar», fez questão em frisar Nuno Mendes.

O técnico também não escondeu a vontade de continuar o trabalho em Portugal e a «fazer campeões», apesar dos atrasos nos pagamentos por parte da federação, que garante estão em atraso desde outubro.

«Não é o dinheiro que me faz correr, é o divertimento e a vontade de fazer campeões. Mas tenho os meus valores e quero ser pago», disse Emke à Lusa, acrescentando que «há muitos bons valores em Portugal».

Além da atividade de treinador da equipa portuguesa de remo, Mark Emke é engenheiro hidráulico numa empresa holandesa, que «dá algum dinheiro», mas é com os remadores portugueses que pretende continuar «para que Portugal seja ainda maior, mas algumas coisas terão de mudar».

A Federação Portuguesa de Remo está envolvida em problema de caráter financeiro desde a realização dos Europeus de Montemor-o-Velho em 2010, que levaram inclusivamente ao arresto dos seus bens, o que chegou mesmo a impedir o seu normal funcionamento – existem, inclusivamente, pedidos de insolvência da federação.

A dupla portuense, que não tem outra tripulação de nível parecido em Portugal, foi a primeira e única na história nacional a modalidade a conquistar uma medalha em Taças do Mundo - no seu currículo destaca-se ainda a prata nos europeus de 2010 em Montemor-o-Velho e o bronze amealhado em 2011.