A falta de esperança em chegar à final da prova de “dressage” nos Jogos Olímpicos Londres2012 acabou por trair o português Gonçalo Carvalho, que atribuiu hoje ao cansaço do cavalo Rubi o mau desempenho. 

O cavaleiro admitiu no final que o animal "estava muito cansado" porque na véspera, dia que deveria ter sido de descanso, esteve a ensaiar.

«A nível técnico não tivemos tantos pontos porque [o cavalo] não estava a cooperar tanto», justificou.

A dupla lusitana recolheu uma pontuação de apenas 77,607 por cento, que incluiu uma avaliação mais positiva para a parte artística e menos favorável para a componente técnica.

A apreciação feita pelos sete juízes, que Carvalho considerou justa, acabou por atirar o cavaleiro e o Rubi para 16.º e antepenúltimo lugar, à frente de um norte-americano e de um dinamarquês.

A medalha de ouro acabou por ser conquistada pela britânica Charlotte Dujardin, e o cavalo Valegro, com 90,089 por cento, a de prata pela holandesa Adelinde Cornelissen (88,196) e a de bronze ficou para a alemã naturalizada britânica Laura Bechtolsheimer (84,339).

Na prova de Ensino, conhecida internacionalmente por "Dressage", são avaliados uma série de movimentos obrigatórios, bem como a harmonia entre cavaleiro e cavalo.

Embora os movimentos executados na final, denominada Grand Prix Freestyle, fossem equivalentes aos das duas rondas anteriores, a diferença foi o maior grau de liberdade na execução e também a escolha da música de acompanhamento.

Gonçalo Carvalho tinha a banda sonora escolhida, na qual incluiu temas do grupo Black Eyed Peas, mas não estava preparado para apresentar o conjunto na estreia nos Jogos Olímpicos.

«Nós não esperávamos chegar ao Freestyle, nem sequer tínhamos esta prova treinada, porque não acreditávamos chegar aqui», confiou aos jornalistas.

Mesmo assim, Gonçalo Carvalho ficou satisfeito com a prestação na capital britânica, certo de que mesmo o último lugar «já era bom» e que o resultado «já foi extraterrestre para o Lusitano».

O cavaleiro, de 30 anos, nunca acreditou na possibilidade de chegar ao pódio, mas reiterou várias vezes que continuar em prova funcionou como forma de promoção do puro-sangue Lusitano, já que o Rubi foi o único da raça a chegar a esta fase.

Para trás, vincou, ficaram «grandes máquinas» da modalidade e as classificações que obteve não ficaram longe de campeões, alguns dos quais cavalos com maior tradição no Ensino.

Carvalho mostrou-se também «orgulhoso» por ter ultrapassado todas as prestações olímpicas anteriores, onde as melhores notas do Lusitano tinham sido obtidas por cavaleiros estrangeiros.

«Finalmente este ano conseguimos demonstrar que os portugueses também têm qualidade a montar e somos agora os detentores de todos os recordes, tanto do cavalo como do cavaleiro», reivindicou.

Na audiência de hoje, na qual era possível ver três bandeiras portuguesas, esteve a proprietária francesa do Rubi, contou Gonçalo Carvalho, agradecendo pelo patrocínio, já que é ela que paga as despesas relacionadas com o cavalo, desafiando as instituições portuguesas a apostar mais no hipismo nacional.

«O país tem de pensar em apoiar-nos e apoiar mais atletas para chegarmos aqui mais vezes e conseguirmos evoluir ainda mais», defendeu.

O cavaleiro sai de Londres motivado para tentar a qualificação para os Jogos Olímpicos Rio de Janeiro2016, de preferência com um Lusitano mas provavelmente sem o companheiro de nove anos.

«No Rubi em princípio não será, porque ele vai ter 18 anos mas vou fazer tudo para estar lá», garantiu.